MEDO EXISTENCIAL ©

Desde tempos atávicos a humanidade lida com sentimentos diversos como: ódio; amor; alegria; tristeza; além de destemor e medo...

Esse último, foi inicialmente relacionado com a sobrevivência, passando por um período de afirmação do indivíduo como ser social na busca da civilidade, até os dias atuais, quando o capital suplantou o social, em um mundo onde o ter se tornou mais importante que o ser.

Deste modo, sentimentos como medo... dão origem a outros sentimentos, num misto antagônico deprimindo e revoltando pessoas, quando temem não poderem alcançar o que lhes são impostos pela sociedade. Essas imposições refletem na própria sociedade, levando a consequências trágicas, além de potencializarem ainda mais esses sentimentos, num ciclo ascendente e infinito.

Se por um lado, essas ações induzidas pelo ódio, traduzidas na violência de certos grupos sociais causam o temor, destroem e massacram. Por outro, os indivíduos menos favorecidos são violentados pela submissão a outros grupos sociais, que usurpam sua força de trabalho em troca da própria sobrevivência, desfraldando-lhes a mais valia ao tempo em que negam-lhes o conhecimento.

As formas são muitas, porém, as consequências são as mesmas: medo; revolta; submissão; ódio...

A coisificaçao das pessoas e a personificação das coisas na nossa civilização, transformou o aspecto fundamental do medo da maneira em que ele ocorria nas civilizações antigas, quando o valor residia na capacidade de dominação pela força do poder bélico, através das guerras, para o medo da própria "liberdade" hoje em dia, quando vivemos presos a uma pseudo autonomia.

As pessoas são livres mas não sentem-se a vontade para usufruírem dessa independência. Por força da imposição do capital sobre o social, produzem cada vez mais, mas não têm o direito de desfrutarem de todos os bens produzidos.

Outro fator preponderante que afeta as pessoas desde sempre, é o medo do desconhecido, no entanto, a história tem mostrado que sem as rupturas de paradigmas, e as mudanças nos dogmas estabelecidos, não teríamos alcançado o potencial científico e tecnológico, muito menos o patamar de desenvolvimento sócio-culturais cultural que vivemos, apesar de suas muitas contradiçoes.

As maravilhas que o desconhecido nos proporcionam, tornam a nossa existência no mundo inevitavelmente maravilhosa e prazerosa.

Portanto, acredito que o medo do desconhecido pode ser visto como uma força motriz e condutora das mudanças sócio-culturais, e como uma das razões da própria existência humana.

Ulisses Pavinic