Reflexões de um patriota

Nada é tão humilhante para um cidadão, perante o mundo, quanto à corrupção entre seus governantes. É como se você andasse com uma plaquinha de ‘troxa’. “A sim, você é do país onde os políticos roubam e ninguém esta nem aí?”, poderia dizer um finlandês. “É verdade que no Brasil os três poderes são dominados por quadrilhas?”, questionaria com toda propriedade um francês.

Andando pela Praça de Maio, em Buenos Aires, um argentino poderia comentar num papo. “Ouvi dizer que a trilha sonora do Rio de Janeiro é uma mistura de tiroteio, com bombas e sirenes”. Talvez alguém respondesse. “Soube que em São Paulo não é indicado que se pare no semáforo depois das 22h, por causa de seqüestros relâmpagos”. Um policial rodoviário espanhol pode responder para um infrator que tenta suborná-lo: “Aqui não tem jeitinho brasileiro”.

Se fosse pedido a um jornalista belga para que fizesse uma matéria sobre o assunto mais falado por aqui no momento o que ele destacaria? Opções: 1 - A inércia do senado, 2 - A declaração de guerra ao tráfico no Rio, 3 - O caos nos aeroportos. Estamos tão envergonhados que nem ligamos quando Hugo Chaves, presidente da Venezuela, tira onda com a nossa cara.

Qual seria o conselho dado por Marta Suplicy a Renan Calheiros num suposto encontro? E Maluf, o que diria a Lula se tivesse oportunidade? Se Roberto Jefferson, José Dirceu e Valdemar Costa Neto se reunissem daqui a dez anos, qual seria o assunto discutido? O que José Sarney e Fernando Collor conversariam num almoço de domingo? Quantas vezes uma comissão, seja lá da onde for, foi formada para analisar algo de sucesso?

Vamos conceder um espaço para as coisas boas do Brasil. Futebol por exemplo, é com a gente. Alegria, farra, carnaval. Quando destacam nossas principais virtudes lembram da determinação e da raça, por que mesmo com toda a zona acreditamos num futuro melhor, e ficamos fazendo festa esperando esta hora chegar. Mesmo com toda a desconfiança, ainda votamos com a certeza de que valerá a pena.

Ser brasileiro não é fácil. Não temos vergonha disso. O que nos desonra é a classe política, a conivência e falta de ética de nossos empresários, a ineficiência do poder público. Como não lembrar de tudo isso quando alguém me pergunta como andam as coisas no Brasil?

Eder Capobianco
Enviado por Eder Capobianco em 08/07/2007
Código do texto: T556375
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