NÃO TENHAS MEDO!
Não tenhas medo!
Cortemos as asas dos sonhos e
os delírios perduraram pouco,
somente o tempo do leito.
Não tenhas medo!
Coloquemos em nossos peitos
um escudo sano, inquebrantável
que resfria das mentes incautas
pensamentos de projeções.
Não tenhas medo!
Calemos o mais sútil dos segredos,
abafemos a boca do desejo e
os sons sedutores morrerão a míngua.
Não tenhas medo, Moço!
É velho esse tal de Amor.
Corramos, pois, dele
e ele não nos alcançará.
À vista do sentimento não nos coloquemos
por certo ele nos perderá pelos labirintos.
Não tenhas medo, eu digo
na hora exata em que ele me apavora.
Porque por mais que driblemos o amor
ele nos assola noite adentro
e nos faz perder o sono;
e nos traz a cabeça imagens;
e nos convulsiona a carne;
e nos parte a verdade;
e nos quebra ao meio...
Então adormecemos velhos
retesados de vida e gozo.
Mas, não tenhas medo,
um dia ele passará e uma
Outra nos aguardará,
infelizmente!
Já não será o medo,
não será o amor,
não será o desejo,
não será o sonho,
será Ela.
Aquela que se assenhora
dos incautos e dos cautos,
que os leva sem dó nem piedade,
segurando firme com as mãos,
e dela já não se poderá mais fugir.
Será só serenidade.
Será só eternidade,
sem corpos,
sem alma,
em fogo;
livres, enfim, das voluptosas vontades.
Sim, ela nos aguardará
e terá na cabeça uma grinalda dourada,
cujas folhas o vento não pode roubar.
- Talvez seja exatamente agora
esse aguardar, quem o saberá? -
Sim, ela pacientemente nos observa.
Sentada na poltrona Tempo,
toda ornada como em dia de festa,
ela nos espera e
por uma brisa fresca vestida de negro,
ela se fará passar...
E a cinza prata dos nossos cabelos
não nos avisará.
Então, não tenhas medo, Moço!
Para um Moço Bonito.