Peças que a vida nos prega - 1

<parte 1>

Estávamos no ano de 1958, ela completaria em dezembro, 18 anos e ele teria por volta de 20 anos mais ou menos iria servir o exército.
Encontravam-se quase todos os dias, por acaso, nas esquinas da Avenida Nove de Abril com a Rua Joaquim Miguel Couto.
Ela, voltando de sua casa em direção ao seu trabalho, no horário de almoço e ele também. Só que ele de bicicleta e, ela a pé.
Certo dia ela olhou observando melhor e, viu que se tratava de um rapagão magro e alto de olhos muito bonitos que a olhavam com um que de curioso. Mas seguindo seu caminho ela ficou pensando e resolveu que iria flertar com ele, afinal ela nunca tinha namorado estava ali uma pessoa com quem havia simpatizado apenas ao olharem-se, sem nunca, ao menos terem se falado poderia ser ele o eleito do seu coração!
Deste dia em diante ela passou a prestar mais atenção e, notou que ele estava chegando antes dela na esquina das duas ruas, na qual existia um jornaleiro o único na cidade que naquele horário sempre sintonisava o seu rádio na Rádio Nacional, para que, as pessoas que passassem por ali pudessem ouvir a “Parada de Sucessos”, programa muito interessante e bastante ouvido por quem gostava de música e, o locutor anunciava, com grande entusiasmo, do 5º ao 1º lugar, músicas lindas com letras maravilhosas gravadas ainda, nos discos de vinil usados na época.
E o rapagão começou a fazer parte dos ouvintes, que por ali se detinham por alguns minutos, a ouvir as mais lindas canções nas vozes de Ângela Maria, Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Cauby Peixoto e tantos mais... Ninguém “arredava” pé, enquanto não fosse anunciado o 1º lugar. Quando então, era anunciada a vencedora, o povo se espalhava, cada qual ia cuidar do que lhe era interessante.
Foi-se passando o tempo, os olhares entre os dois no instante do encontro, eram mais demorados, mas ela não se detinha como os outros, para ouvir as músicas, não que não gostasse das mesmas, mas tinha pressa e receio de não chegar a tempo em seu trabalho. Era uma menina que precisava trabalhar e, não queria de forma alguma perder seu emprego, pois naquela cidade era muito difícil arranjar um trabalho.
Ele morava numa vila mais distante, por este motivo usava a sua bicicleta como transporte para o trabalho, ela, ali mesmo na avenida numa casa velha, da qual se envergonhava muito, mas o que fazer? Teria que ser aí mesmo, pois o pai motorista de caminhão ganhava muito pouco, e havia muitas bocas para sustentar... Eram sete irmãos, três moças e quatro rapazes, sendo que entre os irmãos havia um que era dado á valentias e gostava de comandar a turma sentindo-se o “tal” quando tomava umas.
Num domingo, único dia que ela folgava de seu trabalho resolveu á noite, dar uma voltinha na praça em frente à igreja, com algumas amigas. Sua mãe não gostava muito que ela saísse era “durona”. Com ela sair mesmo, só pra trabalhar. Mas como havia lá uma festa, ela disse que iria e foi. Era destas festas que se faziam antigamente com barraquinhas de pescaria, tiro ao alvo e etc. Era uma festa do mês de Maria. Era mês de maio, mês dedicado á todas as Santas Maria.
E não é que, quando já voltando para casa, ela o viu, do outro lado da rua entre as pessoas que passavam naquele instante, ele, com alguns amigos também! Será que ele viria lhe falar?
E veio!
Deixou os amigos atravessou a rua e veio ao seu encontro! Muito sem jeito, cumprimentou-a e seguiram conversando. Chegando á frente de sua casa, ela então não sabia o que fazer, se o convidava para entrar ou... Mas ficaram conversando ali mesmo no portão, e ele a pediu em namoro. Começaram a namorar...
<continua>

Zelia C Silva




Zelia C Silva
Enviado por Zelia C Silva em 19/01/2010
Reeditado em 17/05/2012
Código do texto: T2039703
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