Uma trajetória III

2 de fevereiro de 2015.

Sou chamada à secretaria e recebo o aviso de que o meu horário muda a partir do dia seguinte. Entro às 8h, e ao assinar meu ponto a coordenadora me chama à sala dela e diz que meu nome já está na escalação do "B.I", inclusive na lista, a qual está à parede do corredor.

Feliz, dirijo-me aos novos afazeres e às novas colegas. Adentro à sala buscando o armário para guardar minhas coisas, todavia, a colega diz-me que lá está muito tranquilo e que eu deveria voltar para onde estava. Sem ação, volto, e constato que realmente lá precisava de ajuda. Fico até chegarem as outras educadoras e retorno à sala do "B. I", porém, novamente a colega manda-me voltar. Obedeço, perco a reação diante da atitude inesperada.

Respiro fundo, permaneço por mais uma hora na minha "antiga sala", e volto, desta vez impondo minha presença. Fechou-se um circulo, um triangulo perfeito, no qual, eu não cabia. Os olhares, as palavras, os gestos, nenhum em minha direção, fui excluída antes mesmo de pertencer. Armou-se um clima, e àquela vibração afetou-me em demasia.

Tento brincar, pergunto sobre as trocas e me agarro a um bebê como uma tábua de salvação, eu precisava sair dali, respirar... Fui ao trocador, e logo uma delas me avisa para tomar cuidado que àquela criança se movimenta muito e pode cair do meu colo, ou do trocador.

Hora do almoço das crianças, dois bebês para cada uma alimentar. Pergunto coisas que sei, apenas para tentar desenvolver um diálogo, e obtenho respostas vazias, respostas. Executo a minha função: alimento as duas crianças, levo os pratos, quando a mesma colega, "a líder" pergunta-me se trouxe a sobremesa. Volto, trago-as, amasso-as, como "ordenou" a colega, e dou aos meus dois bebês.

Logo depois do almoço a coordenadora chamou-me, e colocou-me em outra sala, na qual trabalhei o resto da tarde e o dia seguinte, e, novamente, pensei em pedir exoneração do cargo. Não pisei mais lá... A coordenadora, justificou, dizendo-me: "ela passou mal, pensei que não voltasse" - uma delas está grávida. O meu nome continua na escalação daquela sala, no corredor, para todos verem.

Professora Educadora Tia
Enviado por Professora Educadora Tia em 09/03/2015
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