SABIÁ TROPICÃO

Os Sabiás aqui voltaram!

Sei que erraram de estação!

Errantes... me anunciaram...

Tropeçaram no verão.

Na janela, tão cedinho

Num engano do cantar...

Pensei já ser vespertino

O meu tempo de sonhar!

Na manhã silenciosa...

Um...eu pude constatar,

Voava pela saudade,

Bem longe do seu lugar.

Me fitou tão ofegante,

Com o peito a palpitar,

Que pensei por um instante

Que queria me falar...

Piou alto...ao horizonte...

Ecoou só solidão,

Sabiá de vôo errante,

Só voou de tropicão!

Nesse tempo tão ligeiro,

Que só sabe tropicar

Sabiás... também brejeiros...

Sempre vêm me buscar!

Abrem a porta de mansinho...

Mesmo fora da estação,

E num canto repentino

Entram na minha emoção!

Sei que buscam os meus versos,

Os que já nem sei buscar...

Sabiás são meu universo,

Natureza a versejar.