«O Fado», tela a óleo do pintor português José Malhoa (1910)

Talvez tenha sido este quadro que mais projetou o Fado português para o mundo. Inspirou poetas, cantores, pintores, filmes e peças teatrais.


http://www.youtube.com/watch?v=ZNCfktEU5L8 
Neste video, podemos ver a fadista Amália Rodrigues cantar um Fado sobre o quadro «O Fado» e inclusive, passar a ser uma das personagens do próprio quadro.
 






     




O FADO QUE TRAGO NO PEITO (republicação)
 
                         
Pediste-me, um belo dia:
                                  - Fala-me sobre o Fado!

 
 
Eu disse que não sabia,
Calei-me naquela hora
E aquilo que eu não queria
Irei cantar agora:
 
Fado é o que trago no peito,
Acompanha-me noite e dia.
Fado é o que trago no canto,
Ele comanda minha vida.
 
É algo que vive em mim
E por mim é tão amado,
Este Fado é dor sem fim,
Este Fado é o meu fado!
 
Fado é cantar a dor,
Que a vida maltrata.
Fado é cantar o amor
Que dá vida e que mata!
 
Fado é cantar a alma
Quando ela, triste, chora.
Fado é sentirmos calma
Quando o amor vai embora.
 
O Fado também é grito,
Choro e riso, coisa estranha...
É um lamento infinito,
Dor que vive nas entranhas.
 
Ao Fado também pertencem
As duras dores do coração,
Amigos e amores ausentes,
Eu canto a minha canção!
 
O Fado na sua pureza
Fala de dor e felicidade,
E com grande nobreza
Canta e chora a saudade!
 
A vida tenho passado
Amargurada e triste a chorar,
Tem sido triste meu Fado,
Dolente o meu cantar.
 
Fui airosa e alegre menina
E em todos via bondade.
Conheci brilhante sina
Desconhecia a saudade.
 
Menina de tranças pretas
Na sua inocente bondade,
Via tudo em cores garridas,
Acreditava na sinceridade.
 
Fui menina, fui pequena
Da qual sinto falta sem fim,
Fui alegre, estudiosa, serena,
Hoje choro saudades de mim.
 
Vivia meus dias cantando
E o meu primeiro lamento
Foi cantado, chorando,
Com infinito sentimento.
 
Eu nasci em escondido lugar
Onde não se avista o mar,
Toquei o céu e o horizonte
Bebi água pura da fonte.
 
Eu sempre soube que o mar
A mim um dia escolheria,
Pois sempre que ele me via
Me convidava a atravessar.
 
Atravessar para o outro lado,
Passar para a outra margem,
Assim vim para este povo amado
Envolta em armas e bagagem.
 
Morrerei livre, sem pressa,
Morrerei em algum lugar...
Como a onda, à areia regressa,
Quero morrer ao pé do mar!
 
Este meu coração lusitano
Toda a vida foi fadista!
Sempre pertenceu ao oceano,
Sempre foi saudosista.
 
Vim beijar o sol, deixei o frio,
Esta terra amo, do meu jeito
Vim preencher um espaço vazio,
Mas a Pátria guardo no peito!
 
O fado que trago no peito
Apresentei-o aqui e agora
Saiu do coração, sentido,
Lembrando os dias d’outrora.
 
Perguntaste-me,eis-me aqui a falar,

Fado sina, fado canção, vim elogiar.
Na vida precisa não ter amado
Aquele que não quer sentir o Fado!


Ana Flor do Lácio  (09/11/2010)



 
Voluta de guitarra portuguesa 

Uma verdadeira guitarra portuguesa termina o braço em Voluta ou Gancho.
Falar de fado e não falar de guitarra portuguesa é quase impossível.
Fado e guitarra portuguesa são a verdadeira expressão da génese do povo lusitano. A guitarra tradicional do fado tem características ao nível da sua anatomia, construção e musicalidade que a tornam única no mundo como instrumento musical. Só com ela é possível efetuar o trinado, som semelhante ao do canto dos pássaros. O fado é uma expressão musical  especial, única. Tem um sentido emocional ou filosófico muito próprio nas suas letras: reminiscência de histórias antigas, sentimentos e conceitos traduzidos em versos simples.
 


Dedico meu 700º texto a essa maravilha que é o Fado e ao meu país, Portugal. Peço desculpa aos colegas recantistas por não visitar suas escrivaninhas com a mesma frequência. Entre o trabalho e a faculdade sobra-me pouquíssimo tempo. Um grande e carinhoso abraço a todos que por aqui passarem. Ana.

 
             
     
         

Belíssima interação do brilhante poeta Bosco Esmeraldo.  Grata, meu amigo Bosco, pela sua presença na minha escrivaninha, trazendo beleza e brilho às minhas singelas trovas. Um grande abraço.


 


MEU FADO É CANTAR MEU FADO
 
Muito bonito o teu fado,
Ana Flor do Lácio, digo
Destino, dança, ou cantado
Chorar no ombro do amigo.
O fado nasceu no Brasil
Mas aqui não se criou
Pras terras lusas partiu
E seu lugar encontrou.
Meu fado é seguir cantando
O sentir de minh'alma
A saudade vou chorando,
Pois, quando canto, me acalma.

(Bosco Esmeraldo 09/11/2010)






Belíssima interação do brilhante poeta Gildo Oliveira. Caríssimo Gildo, agradeço sua presença e os lindos versos que vieram enriquecer este Fado. Um grande abraço.

 

Fiquei maravilhado,
com este teu explicar,
em versos bem rimados,
um fado pôr-se à brilhar.
E o fado tal como um fardo ,
ao peito vai maltratar
pobre coração nessa hora
coloca as magoas prá fora.
(Gildo Oliveira)








Belíssima interação da brilhante poetisa Folhinha. Querida Lia, agradeço sua presença e os lindos versos que vieram perfumar este Fado. Um grande abraço.







Certa vez, eu pequenina
vi nos olhos de meu tio
tristes lágrimas rolarem
Perguntei inocente:
Tio Fernando, porque choras?
Ouça essa canção, menina
É minha fadista preferida
Lembra minha terra
Remonta triste minha história...
(Folhinha)
 

 




Belíssima interação do brilhante poeta Jacó Filho. Caríssimo Jacó, agradeço sua presença e as lindas trovas que vieram embelezar este Fado. Um grande abraço.




Queria ser um fadista,
Pra elogiar-te, à altura...
Mas sou só um repentista,
Que adora a literatura...
 
Conheço tons e melodias,
Que o fado carrega em si...
A dor de quem ver partir,
Seus amores e sua poesia...
 
Mas quem no coração, tem,
O amor como lembrança,
Será sempre uma criança,
A espera do seu bem...
(Jacó Filho)

 






Belíssima interação do brilhante poeta Jamaveira. Caríssimo Jama, agradeço sua presença e o lindíssimo poema que veio embelezar este Fado. Um grande abraço.




Canto este fado melancólico
Relembrando minha terra querida
Passageiro que sou do meu destino
Encontro-me aqui tão distante
Porém, viajo sempre nas lembranças
Do fado que deu origem a palavra fada
Por isso tão encantado e belo
Faz dos meus dias magia
Transportando-me para os Mouros
Cânticos lá da Mouraria
Na cidade de Lisboa terra cristã.
Saúdo a reconquista desta era
Que da dolência e melancolia
Deixou como herança tão Linda musica.
(Jamaveira)








Belíssima interação do brilhante poeta Afonso Martini.  Grata, meu amigo Afonso, pela sua presença na minha escrivaninha e pelas encantadoras trovas, trazendo beleza e brilho ao meu singelo texto.   Um grande abraço.





eu que não entendo de fado
minha mestra nunca foi lusa
me esforço neste aprendizado
queiras, ou não admitas recusa.
 
é porque tu falaste amando
do fado que é tua paixão
fiz-me curioso foi quando
falaste ao meu coração.
 
falaste tão bem desse canto
desfolhaste teu bem quer
fado é sina, destino e encanto
que me fez logo enternecer.
 
gostei da cadência do fado
quando convidaste pra dança
para nunca ser mal amado
assumi essa nova aliança.
(Afonso Martini)
 




Belíssima interação da brilhante poetisa  Alga Marinha. Querida Alga do meu mar, agradeço a tua presença e o lindíssimo poema com que vieste complementar este Fado. Um grande abraço.




Dos portugueses é o fado
O fado é de Portugal
Cantado em todo lado
O fado é imortal

Acompanhada à guitarra
Canto envolta num "Xale"
Canto esta alma bizarra
Canto minhas dores, meu mal

O fado é da Mouraria
O fado é da Madragoa
O fado nasceu um dia
Para as meninas de Lisboa.
(Alga Marinha)







Belíssima interação da brilhante poetisa Fernanda Xerez. Querida Nandinha, agradeço sua presença e o lindíssimo presente em acróstico com que veio embelezar minha sala. Um grande abraço.




A. gora completou 700 textos
N. o que me serve o pretexto
A. qui venho registrar

F. ado é forma de poetar
L. indas interações
O. s sonhos, as canções
R. osas espalho neste lugar

D. iva Ana Flor do Lácio
O. teu lugar é no palácio

L. ogo pareces uma princesa
A. mável, gentil e serena
C. arisma tem, com certeza
I. nspiração na ponta da pena
O. meu abraço pra ti, pequena.
(Fernanda Xerez)







Belíssima interação do brilhante poeta Miguel Jacó. Caríssimo Miguel, agradeço sua presença e as lindíssimas trovas que vieram embelezar este Fado. Um grande abraço.





O fado expõe sentimentos,
Trata do corpo e da alma,
É a fonte dos lamentos,
Também o berço da calma.

É a forma mais bacana,
Para declarar-se o amor,
Mas também nada emana,
Quando tudo se acabou.

E sempre resta promessa,
Para quem vive esperando,
Pois nesta vida funesta,
Inda o fado,é soberano.
(Miguel Jacó)






(imagens: google)
Ana Flor do Lácio, Bosco Esmeraldo, Gildo Oliveira, Folhinha, Jacó Filho, Jamaveira, Afonso Martini, Alga Marinha, Fernanda Xerez e Miguel Jacó
Enviado por Ana Flor do Lácio em 02/09/2011
Reeditado em 23/06/2012
Código do texto: T3196116
Classificação de conteúdo: seguro
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