MÁQUINAS PARA ATENDER SERES HUMANOS?

* Nadir Silveira Dias

Sempre acreditei ser um absurdo a instalação de máquinas para atender seres humanos. Máquinas não pagam contas. Máquinas não compram automóveis, bicicletas, móveis e toda a carteira de produtos de qualquer indústria ou comércio.

Para atender pessoas e cumprir a sua função social, as instituições, os serviços estatais, as empresas públicas ou privadas precisam pagar pessoas para esse serviço. Não para a indiscriminada opção de instalar máquinas na enganosa pretensão de substituir pessoas. A alegada ação facilitadora das máquinas é enganosa porque apenas meia verdade: Facilita em termos e complica e encrenca sempre. Erro crasso, pois, caso possível a continuidade disso, haveria um momento em que a ruptura se faria evidente diante de tanta desfaçatez e desatenção para com aquele que é razão de ser de todo e qualquer circuito jurídico, social e econômico: O Contribuinte! O Usuário! O Consumidor!

Esta febre maluca de instalação de máquinas incapazes de resolver as questões para as quais são disponibilizadas é coisa de primário desconhecimento sobre as mais comezinhas técnicas de crescimento e desenvolvimento auto-sustentável: Quando faltam as pessoas tudo passa a valer nada e é isto que vem acontecendo com a substituição indiscriminada de pessoas por máquinas inservíveis para o fim a que se destinam. Além de criar estafa, estresse, descontentamento generalizado dentre aqueles que a tudo sustentam, cria essa ação insensata, marginalmente, um mundo de pessoas sem qualquer acesso ao trabalho, pois em seu lugar estão máquinas imprestáveis a substituí-las.

O estranho disso tudo é que na ponta dessa “onda maluca” estão exatamente aqueles detentores do poder a quem interessa, sobremaneira, que as pessoas estejam bem e felizes com aquilo que lhes proporciona o cada vez mais cruel poder fiscal e o cada vez mais cruel poder econômico, com chancela oficial, que copia o poder fiscal para melhor extorquir o usuário, o contribuinte, o consumidor. E não se iludam os descrentes, crescimento e desenvolvimento auto-sustável somente com usuário, contribuinte e consumidor ao menos minimamente feliz.

Será que perderam o discernimento e agora tudo anda mais ou menos na base da insensata “onda circulante”? No bom linguajar campeiro bem sei o que ouviria do Oráculo da Pedra Moura para empresários e governo: “Toma tento, toma tenência, pra não perder o trem da história e sucumbir na ribanceira”.

A máquina tem que servir ao homem. Não o contrário: O homem servir-se de máquinas imprestáveis para o fim a que se destinam para submeter outros homens e mulheres ou para com elas obter mais ganhos e jogar outros seres humanos na sarjeta da falta de trabalho.

28.09.2009 – 23h00min

* Jurista e Escritor – nadirsdias@yahoo.com.br

Nadir Silveira Dias
Enviado por Nadir Silveira Dias em 28/09/2009
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