ACRÓSTICO
___________________
Do Grego: ákros = extremidade / stikhos = linha. São composições poéticas, nas quais, as letras iniciais, de cada verso, formam uma ideia, uma frase, uma palavra ou um nome. Quando se juntam as letras, tem-se o acróstico propriamente dito, que se lê na vertical, de cima para baixo ou no sentido inverso.
Fazia bem em me dizer
E grata lhe ficaria
Razão porque em verso me dizia
Não ser o bom-bom para si...
A não ser que na pastelaria
Não lho queiram fornecer
D’outro motivo não vi
Ir tal levá-lo a crer.
Não sei mesmo o que pensar
Há fastio para o comer?
Ou não tem massa pr’o comprar?!
Peço porém me desculpe
Este incorrecto poema
Seja bom e não me culpe
Sou estúpida, e tenho pena
O Sr. é muito amável
Aturando esta... pequena...
(Poema de Ofélia Queirós dedicado a Fernando Pessoa)
Se a combinação das letras se processa no meio dos versos, tem-se o mesóstico; se no fim, o teléstico. Quando as primeiras letras formam o alfabeto, tem-se o abecedárius ou o acróstico alfabético. Se o nome é formado da primeira letra do primeiro verso, da segunda do segundo verso, da terceira do terceiro verso, e assim consecutivamente, tem- se o acróstico cruzado.
Já era praticado na Antiguidade pelos escritores Gregos e Latinos e na Idade Média pelos monges. Cícero, escritor e filósofo romano, afirmava que os Oráculos Enigmáticos eram organizados em acrósticos. No Velho Testamento, podemos encontrar um acróstico, no salmo 118. Na Idade Média, os poetas o empregavam para ocultar, discretamente, o nome da bem-amada.
Dois acrósticos se tornaram célebres: o primeiro em torno da palavra cabal (cabala), formavam as iniciais dos nomes dos ministros do Rei Carlos II da Inglaterra (século XVI); e o que Chabrol dedicou a François de Bassompierre, na tragédia Lês Extremes Mouvements d’Amour (1633); neste, fundem-se, o teléstico e o acróstico cruzado nos dois sentidos, formando um [X] dentro de uma estrofe tendo como centro a letra [B].
Em Portugal o acróstico circulou entre o século XV e o XVII, entrando depois no ostracismo; entre nós tem sido cultivado esporadicamente, sem maior interesse literário. ®Sérgio.
Tópicos Relacionados: (clique no link)
O Triolé não é Rondel ou Rondó.
A Cantata – Estudos Literários.
____________________
Se você encontrar omissões e/ou erros (inclusive de português), relate-me. Enriquecerá mais ainda este trabalho.
Agradeço a leitura e, antecipadamente, qualquer comentário. Volte Sempre!