UNIDADE DIDÁTICA

UNIDADE DIDÁTICA

Gênero Textual “romance histórico”

3ª Série Ensino Médio

PROFESSOR PDE: Ilza Ribeiro Gonçalves

ESCOLAS EM QUE ATUA: Col. Estadual Des. Antonio F. F. Da Costa

ÁREA: Letras

NÚCLEO: Cascavel

ORIENTADOR: Profº. Dr. Gilmei Francisco Fleck

ÁREA DE ATUAÇÃO: Literatura Comparada – Ensino de Língua Portuguesa

IES VINCULADA: UNIOESTE – Campi de Cascavel

ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Col. Estadual Des. Antonio F. F. Da Costa

PÚBLICO OBJETO DA INTERVENÇÃO: 3ª Série Ensino Médio

TÍTULO: O espaço e o sujeito regional: imagens do sertão e do sertanejo na literatura e no cinema

1. APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO E SELEÇÃO DO GÊNERO TEXTUAL

Professor (a)

A literatura, vista como uma manifestação cultural, é um dos grandes monumentos humanos que guarda em si marcas e elementos que, organizados no fazer estético, representam os acontecimentos sociais ao longo dos tempos e, por isso, pode servir de “porta voz” de muitos saberes.

Segundo D’Ávila, (1964, p. 21) determinados acontecimentos, comportamentos, manifestações ideológicas, políticas, sociais e econômicas de tempos e espaços se enraízam profundamente no texto literário. Assim sendo, o estudo desse tipo de texto permite ao leitor observar essas peculiaridades do passado e relacioná-las com o presente, a fim de melhor comunicar-se e/ou interagir em seu meio de convívio. Então, a obra literária tem importância quando usada como uma espécie de jogo que simula os conflitos do mundo empírico e convida o leitor aos desafios do ato de ler. Ler literatura, nesse sentido, é imergir num universo imaginário organizado, carregado de pistas que o leitor deve seguir.

2. Reconhecimento do gênero

O romance histórico é um tipo de romance que se utiliza da história e da ficção, a fim de reconstruir ficticiamente acontecimentos, costumes, personagens e fatos históricos. Alguns exemplos de romance histórico são: Ivanhoé (1819), de Walter Scott, Os Três Mosqueteiros (1971), de Alexandre Dumas, Eurico, o Presbítero (1997), de Alexandre Herculano, Guerra e Paz (2002), de Leon Tolstói, Os Sertões (1975), de Euclides da Cunha.

Questionamentos Orais:

Professor (a):

Antes de iniciar o trabalho com o romance histórico Os Sertões (1975), de Euclides da Cunha, verifique que conhecimentos os alunos já possuem sobre o gênero romance, mais especificamente o romance histórico; sobre o autor proposto, o contexto de produção da obra sugerida e sobre a própria obra. Para isso sugere-se alguns questionamentos que podem ser encaminhados oralmente.

• Você já leu sobre Euclides da Cunha?

• Você já ouviu falar sobre a obra Os Sertões?

• De que ela trata?

• Você sabe em que período esta obra foi escrita?

• Você já ouviu falar sobre algum fato histórico importante no Brasil que tenha acontecido na época de produção dessa obra?

• Você já estudou detalhadamente esse fato em outra disciplina? Como foi o estudo?

2.1 Pesquisa sobre o Gênero.

Este é o momento em que o aluno irá se familiarizar com o gênero Romance Histórico. Por isso, é fundamental fazer um trabalho de leitura que possibilite tanto a percepção das características principais desse gênero, quanto do seu contexto sócio-histórico-ideológico. Portanto, é necessário que o aluno faça leitura de mais de uma obra desse gênero, ou que pelo menos você, professor (a) possibilite a leitura de fragmentos de romances. Apresente os textos aos alunos de modo a incentivá-los à leitura. Fale com eles sobre romances, busque saber se conhecem alguns, se gostam ou não. Se notar que há pouco interesse pelo tema, provoque-os argumentando que é preciso conhecer para gostar. Se perceber que eles já conhecem alguns textos do gênero, peça que os listem. Diga que irão desenvolver uma série atividades as quais colaborarão para a sua melhora de leitura e interpretação.

Algumas Sugestões de Leitura de Romances Históricos

Os Sertões Euclides da Cunha

O Cabeleira Franklin Távola

Eurico, o presbítero Alexandre Herculano

A Escrava Isaura Bernardo Guimarães

A Guerra do fim do mundo Mário Vargas Llossa

Belo monte José Rivar Macedo e Mario Maestri

A rainha Margot Alexandre Dumas

Era no tempo do rei Ruy Castro

2.2 Algumas características do romance histórico

A relação entre a literatura e a história, segundo expressa Fleck (2001, p. 37), existe já desde a Antiguidade, desde os tempos mais longínquos de que se têm notícias, segundo testemunham isso as grandes epopéias. Essa relação pode ser sintetizada em três grandes períodos:

a) União: refere-se ao período da Antiguidade em que não havia separação entre as áreas. Segundo Carlos Mata Induráin (1995, p. 28), uma verdadeira consciência histórica ainda não existia naquele período, permitindo, pois, uma mescla entre a poesia e a verdade; fato que era perfeitamente aceitável na época.

b) Ruptura: ocorre na metade do século XIX, criando áreas diferentes: a literatura como arte e a história como ciência.

c) Contemporaneidade: após o período de estabelecimento das fronteiras entre história e literatura, passou-se a observar as fronteiras permeáveis que sempre existiram entre essas áreas, já que ambas, de acordo com Linda Hutcheon (1991), Celia Fernández Prieto (2003) Hayden White (1996) entre outros, são construtos de linguagem, discursos sobre o passado. Ambas interagem e se entrosam como formas de linguagem, segundo Benedito Nunes (1988, p. 11), e se interpenetram pelo manejo do tempo e pelas técnicas narrativas. Sob esta perspectiva é que concebemos as atuais relações entre a literatura e a história e é essa visão que perpassa as leituras que propomos do passado histórico pela ficção junto aos educandos do Ensino Médio.

Vê-se, pois, que a literatura é importante no currículo escolar: o cidadão, para exercer plenamente sua cidadania, precisa apossar-se da linguagem literária, alfabetizar-se nela, tornar-se usuário competente desse modo de uso da linguagem, mesmo que nunca vá escrever um livro, mas porque precisa ler e compreender muitos, de diferentes áreas, ao longo da vida. No contexto escolar, a questão da leitura, seja do texto literário ou não-literário, exerce um papel crucial, uma vez que permite ao leitor observar comportamentos humanos aquém de seu tempo e, posteriormente, relacioná-los ao seu próprio contexto de vida. Além, disso, também propicia a esse homem a chance de embasar-se em discursos já construídos ao longo da existência humana e, a partir destes, reinterpretar outros discursos que o cercam; interagir com eles e modificá-los, a fim de constituir-se como homem capaz de compreender e melhor conviver na sociedade da qual faz parte. A literatura, portanto, possibilita aproximar saberes ou vivências distanciadas pelo espaço e/ou pelo momento histórico.

3. Contexto Histórico: Guerra de Canudos

Segundo Macedo (2004), Canudos foi um dos movimentos sociais mais importantes da América do Sul. Culminou, assim como cabanagem, no Pará, e Contestado, em santa Catarina, em uma sangrenta guerra civil, quando, indistintamente, a morte foi literalmente banalizada. A guerra, liderada por Antônio Conselheiro, foi a conseqüência extrema das contradições existentes naquela época e que ainda persistem nas relações sociais do setor agrário brasileiro. Eclodiu na zona agropecuária dos grandes latifúndios baianos e a violência dos combates travados entre os chamados “fanáticos” e as tropas do Exército reflete o grau de antagonismo das relações entre o latifúndio e a massa camponesa explorada.

3.2 Sugestões de Atividades para o reconhecimento global do gênero

As propostas de ações planejadas neste projeto valem-se da pesquisa bibliográfica para embasar processos metodológicos voltados à pratica de leitura, às teorias que sustentam o ato de leitura em si, ao ensino da literatura na escola e, nesse contexto, às especificidades do texto literário, particularmente o gênero romance histórico ou textos híbridos de história e ficção.

A busca, pela revisão bibliográfica, de conhecimentos básicos sobre Literatura Comparada permite-nos também utilizar outras linguagens, entre elas a cinematográfica, como material de leitura e referência ao assunto estudado. Tais fontes possibilitam ao professor e ao aluno contrapor a linguagem literária e a cinematográfica como prática de leitura em sala de aula.

Atividades para os alunos:

Professor (a), a seguir apresentamos algumas sugestões de atividades propostas para refletir sobre a obra Os Sertões (1975), de Euclides da Cunha, da qual citamos abaixo apenas um pequeno fragmento;

“Decididamente era indispensável que a campanha de Canudos tivesse um objetivo superior à função estúpida e bem pouco gloriosa de destruir um povoado dos sertões. Havia um inimigo mais sério a combater, em guerra mais demorada e digna. Toda aquela campanha seria um crime inútil e bárbaro, se não se aproveitassem os caminhos abertos à artilharia para uma propaganda tenaz, contínua e persistente, visando trazer para o nosso tempo e incorporar à nossa existência aqueles rudes compatriotas retardatários. [...]. Fechemos este livro. Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados”.

CUNHA, E. Os sertões. 2.ed. São Paulo: Cultrix, 1936, p.(405 e 476).

Após a leitura, este trabalho fará com que os alunos tenham oportunidade para o debate, fazendo as seguintes análises:

• O que caracteriza a luta de Canudos como um massacre?

• Qual seria a outra guerra mais demorada e digna deveria ser travada?

• Qual a relação entre a fé e a miséria?

• Cite outros povos cuja história também seja marcada pelo sofrimento e pela fé.

3.3 - Análise da terceira parte da obra Os Sertões, de Euclides da Cunha

Professor (a)

É importante esclarecer que a obra Os Sertões está dividida em três partes: A terra, O homem, A luta.

A luta é a mais importante, constituída da narrativa das quatro expedições do Exército enviadas para sufocar a rebelião de Canudos, que reunia “os bandidos do sertão”: jagunços (das regiões do Rio São Francisco) e cangaceiros (denominação no Norte e Nordeste). Havia cerca de 20.000 habitantes no arraial, na maioria ex- trabalhadores dos latifúndios da região. Extraímos apenas um fragmento, mas sugerimos a leitura de toda essa parte:

“Tinha-se neste momento a impressão de uma entrada em velha necrópole que surgisse, desvendando-se de repente, à flor da terra. As ruínas agravavam a desordem das pequenas vivendas, construídas ao acaso, defrontando-se em bitesgas de um metro de largo, empachadas pelos tetos de argila abatidos. De sorte que a marcha se fazia adstrita a desvios tortuosos e longos. E a cada passo, passando junto aos casebres que ainda permaneciam de pé, oscilantes e arrombados, livres ainda das chamas, despontava ante o visitante atônito um traço pungente da vida angustiosa que se atravessara ali dentro. [...]. Dizia-o, mais expressiva, a nudez dos cadáveres. Estavam em todas as posições, estendidos, de supino, face para os céus; desnudos os peitos, onde se viam os bentinhos prediletos; inflexos no último crispar da agonia; mal vistos, às vezes, caídos sob madeiramentos, ou de bruços sobre as trincheiras improvisadas, na atitude de combate em que os colhera a morte.[...]. Em todos, nos corpos emagrecidos e nas vestes em pedaços, liam-se as provações sofridas. Alguns ardiam, lentamente, sem chamas, revelados por tênues fios de fumaça, que se alteavam em diversos pontos. Outros, incinerados, se desenhavam, salteadamente, nítidos, esbatida a brancura das cinzas no chão poento e pardo, à maneira de toscas e grandes caricaturas feitas a giz...”.

CUNHA, E. Os sertões. 2.ed. São Paulo: Cultrix, 1936, p.(464-470).

Após a leitura e discussão com o grupo responda as seguintes questões em sala de aula:

a) O que motivou a eclosão da Guerra de Canudos?

b) Existem no Brasil de hoje conflitos deste tipo? Quais? Por quê?

c) Qual o objetivo dos movimentos messiânicos surgidos nesta época no Brasil?

d) Você concorda com a forma como esse movimento foi solucionado?

e) Que outras formas poderiam ter sido empregadas? Que resultados teriam?

3.4 Análise do 5º capítulo do livro Belo Monte (1997), de José Rivair Macedo e Mário Maestri

A seguir vamos ler mais uma versão desse fato histórico, relido por outro Romance Histórico – Belo Monte – do qual se fará a leitura do 5º capítulo. Um trecho significativo dessa sugestão de leitura encontra-se abaixo:

“Belo Monte era apenas uma comunidade de homens e mulheres pobres e excluídos que, apoiada na religião, realizava um ato de recusa rústica e coletiva da sociedade de classes da época, na tentativa de construção de mundo utópico em que todos viveriam de seu trabalho, praticando a solidariedade entre os homens e mulheres. [...]. Os latifundiários viam sem nada poder fazer seus trabalhadores, espécie de semi-escravos, partirem para o reduto divino. O barão de Jeremoabo, um dos grandes oligarcas da Bahia e inimigo figadal de Antônio Maciel e de Belo Monte, assinalou sobre a migração dos caboclos para a ‘cidade santa’: alguns lugares desta comarca e de outras circunvizinhas e até do Estado de Sergipe ficaram desabitados, tal o aluvião de famílias que subiam para Canudos [...]. Causava dó ver exposta à venda na feira a extraordinária quantidade de gado cavalar, vacum, caprino, além de objetos, por preços de nonada como terrenos, casas, etc. O anelo extremo era vender, apurar dinheiro e ir reparti-lo com o santo Conselheiro. [...]. Inevitavelmente, a falta crescente de braços obrigaria os latifundiários a subirem os salários dos trabalhadores e a baixarem as rendas dos arrendatários, meeiros e parceiros. A população do arraial de Belo Monte escapava à gestão política das oligarquias regionais”.

MACEDO, R. J.; MAESTRI M. Belo Monte. São Paulo: Moderna, 1997, p( 88-89).

Professor(a)

Após a leitura do referido capítulo os alunos deverão fazer exposição em forma de cartazes, uma síntese da leitura.

3.5 Análise do V capítulo da parte Um do livro A Guerra do Fim do Mundo (2008), de Mario Vargas Llosa

Mario Vargas Llosa, jornalista, dramaturgo, ensaísta e crítico literário, é um dos mais conhecidos e prestigiados escritores da atualidade. Nascido no Peru, viveu em Paris, lecionou em diversas universidades norte-americanas e européias ao longo dos anos. Autor de uma extensa obra literária.

Em A guerra do fim do mundo (2008), o autor dá uma nova dimensão à figura de Antônio Conselheiro, esse homem de túnica roxa e olhos que “flamejavam com um fogo perpétuo,” capaz de levar uma multidão de fiéis até os limites da loucura e, finalmente à morte.

Impressionado pela leitura de Os Sertões, de Euclides da Cunha, em 1980, após exaustivas pesquisas em arquivos históricos e viagens pelo sertão brasileiro, ele terminava A guerra do fim do mundo. Nele, o genial escritor peruano constrói uma saga que engloba tudo: honra e vingança, poder e paixão, fé e loucura. Um épico moderno sobre Antônio Conselheiro e um dos conflitos mais sangrentos da história brasileira. Vamos, agora, ler um pequeno trecho desse romance:

“[...] Tanto o Conselheiro tinha prevenido, nos seus sermões, que as forças do Cão viriam prendê-lo e esfaquear toda a cidade, que ninguém se surpreendeu em Canudos quando se soube, por intermédio de peregrinos vindos a cavalo de Juazeiro, que uma companhia do Nono Batalhão de Infantaria da Bahia tinha desembarcado naquela cidade com a missão de capturar o santo. [...]. As profecias começavam a se tornar realidade, e as palavras, fatos. A notícia teve um efeito efervescente, pôs em ação velhos, jovens, homens, mulheres. As espingardas e carabinas, os fuzis de chispa que precisavam ser municiados pelo cano foram imediatamente empunhados e todas as balas enfiadas nas cartucheiras, enquanto apareciam nos cinturões, como que por milagre, punhais e facas e, nas mãos, foices, facões, lanças, ponteiros, estilingues e bestas de caçada, paus, pedras. [...]. Nesta noite, a do começo do fim do mundo, toda Canudos se reuniu em volta do templo do Bom Jesus [...]”

VARGAS LLOSA, M. A guerra do fim do mundo. Trad. Paulina Wacht e Ari Roitman. Rio de janeiro: Objetiva. 2008, p.(83-84).

Professor (a)

Os alunos em grupos farão a leitura do capítulo 5 da primeira parte e apresentarão na classe, por escrito, a síntese do que foi lido.

3.6 Análise dos últimos 30 mim do filme Canudos, de Sérgio Resende

Para termos mais uma visão sobre este conflito que existiu em nossa história, vamos agora assistir um trecho do Filme “Canudos” de Sérgio Resende. A linguagem cinematográfica trabalha especialmente com as imagens e o som, Vejamos, pois, como, por meio desses recursos uma nova perspectiva da Guerra de Canudos pode ser apresentada. Antes, porém, vejamos a sinopse do filme:

Sinopse:

A trajetória de uma família que se vê envolvida com os seguidores de Antônio Conselheiro e desenvolve opiniões conflitantes sobre o líder do movimento de Canudos. Com direção de Sérgio Rezende (Mauá - O Imperador e o Rei) e José Wilker, Paulo Betti, Cláudia Abreu, Marieta Severo e Selton Mello no elenco.

Para mais informações:

Acesse também os sites http://w.w.w. portfolium.com.br/canudos.htm

HTTP://w.w.w.adorocinema.com/filmes/guerra-de-canudos/

Professor(a):

Nesse momento, atividades comparativas são possíveis também para analisar como a produção fílmica se valeu de recursos de construção discursiva próprios, como a semiótica; a sonoridade; a entonação, etc. Procurou-se contextualizar obras e autores para melhor compreensão dos textos e assim buscar o diálogo entre as distintas obras.

REFLETINDO SOBRE

Canudos foi mais que um conflito iniciado e propagado por camponeses ignorantes, os quais se viram acuados como bichos diante dos ideais teóricos e filosóficos de implantação da República. Canudos foi o início de uma comunidade igualitária sobre a qual é impossível afirmarmos um real progresso, pois só a sua continuidade ao longo do tempo responderia essa questão. O fato é que Canudos mostrou sinais de ser um local de relações socialistas, relações estas brutalmente coibidas pelo modelo capitalista. Aliás, a ação de coibir não se deu dentro de um plano pacífico e de diálogo, mas antes de tudo, em um cenário extremamente trágico e desumano. Mesmo por que, quais seriam as condições de diálogo entre ideias republicanas pré-estabelecidas e um bando de sertanejos semianalfabetos? Com certeza nenhuma. Tal fato justificaria a violência. Para retratar o cenário do movimento popular apresentado de modo confuso pela história tradicional, esse fato é, hoje, apresentado pela ficção, de modo a expor a inversão de papéis dos agentes sociais.

Pela primeira vez, Canudos: a guerra social, apresenta uma ampla e pertinente análise do contexto político, regional e nacional que enquadrou a guerra de Belo Monte/Canudos.

4. CIRCULAÇÃO DO GÊNERO

Histórico: Guerra

Por fim, desafie os alunos a produção de um relatório a respeito do Movimento de Canudos. Nesse relatório, o aluno deverá envolver as implicações históricas e literárias do trato dado ao movimento. O texto deve passar por retextualização a fim de adequá-lo aos padrões de um relatório; observar elementos da coerência; coesão; vozes e interlocutor. A intenção do trabalho de produção escrita é avaliar o processo de aprendizado do aluno referente ao tema estudado. Tais produções (dar-lhes um destino- uma finalidade- uma visibilidade). Os textos produzidos serão compartilhados com alunos de outras turmas de Ensino médio em um fórum de leitura em uma data específica.

REFERÊNCIAS:

BAKHTIN, M. M. The dialogic imagination. Austin: University of Texas, 1981.

BALLEZI, C. de O. A tragédia Euclidiana. In: Revista Literatura. Scala, São Paulo: Escala Editora nº 24, v.16, p. 35- 41, 2008.

CUNHA, E. Os sertões. 2.ed. São Paulo: Cultrix, 1936.

D’ AVILA, A. Literatura infanto-juvenil. São Paulo: Editora do Brasil, 1964.

FLECK. G. F. Perspectivas americanas da poética do descobrimento: ‘El ultimo crímen de Colón’, de M. L. Levinas. In: Anuário Brasileño de Hispanistas. Brasília: Embajada de España en Brasil, nº 16, p. 36-48, 2006.

FLECK. G. F. Ficção, História, Memória e suas inter-relações. In: Revista de Literatura, História e Memória. Cascavel: Edunioeste, nº. 04; v. 04. p. 139-147, 2008.

HUTCHEON, Linda. Poética do pós-Modernismo. Trad. Ricardo Cruz; Rio de Janeiro: Imago, 1991.

KLEIMANN, ANGELA. Oficina de leitura: teoria e Prática. 4.ed., Campinas: Pontes, 1996. MACEDO, R. J.; MAESTRI M. Belo Monte. São Paulo: Moderna, 1997.

MATA INDURÁIN, C. Retrospectiva sobre la evolución de la novela histórica. In: VÁRIOS. La novela histórica: teoría y comentarios. Barañáin: EUNSA, 1995.

NUNES, B. Narrativa histórica e narrativa ficcional. In: RIEDEL D. (Org). Narrativa ficção e história. Rio de Janeiro: Imago, 1998.

SILVA, I. M. M. Literatura em sala de aula: da teoria literária à prática escolar. Recife: UFPE, 2005.

REZENDE, Sérgio. “Canudos”. FITA VHS, Globo Filmes. 1997.

SILVA, J. M. A Guerra de Canudos e Os Sertões de Euclides da Cunha: Imaginário Popular e Revisão Acadêmica. In: Revista Tempos Históricos. Marechal Cândido Rondon, v. 03, nº. 01, p. 31-52, Ago. 2001.

VARGAS LLOSA, M. A guerra do fim do mundo. Trad. Paulina Wacht e Ari Roitman. Rio de janeiro: Objetiva. 2008.

Ilza Ribeiro Gonçalves
Enviado por Ilza Ribeiro Gonçalves em 12/06/2012
Código do texto: T3721033
Classificação de conteúdo: seguro