A arte de escrever um roteiro 2

Como recebi vários comentários e alguns e-mails agradecendo pelo artigo, “A arte de escrever um roteiro”, decidi então dar sequencia neste assunto.

Ainda estamos falando de teatro, para os que já pensam em curta metragem, cinema, séries e até novelas, terão que esperar mais alguns dias.

No teatro que é uma das minhas paixões, junto com futebol, cerveja, literatura e minha mulher, não necessariamente nesta ordem, antes de você escrever um roteiro você tem sempre que levar em conta o que você quer que a platéia sinta: Compaixão, medo, alegria, amor, ou qualquer outro sentimento.

Depois você precisa de uma boa estória, quando fictícia claro, e levar em conta até onde esta texto pode te levar. Um bom roteiro de teatro não deve ser nem muito extenso que não permita ao expectador degustar a peça, nem muito curto que o expectador não ache que valeu o valor do ingresso.

Eu geralmente gosto de trabalhar com roteiros que vão de 40 minutos à 1 hora e 20, claro que pode ocorrer boas exceções para mais ou para menos. Deve-se levar em conta o número de personagens, lembrando sempre que no teatro não existe espaço para antagonistas, ou seja, personagens sem expressão e que somente preencham um espaço no palco. (Essa é uma lei minha, pois já estive do outro lado, como ator, e sei o quanto é chato ser um ator de duas falas, em uma peça de mais de 600 diálogos).

Cada personagem deve ter o seu expoente próprio, como por exemplo, tipo físico, quando for cabível a história, sotaque no mesmo sentido, gestos com as mãos, ou vícios de linguagem que ajudem a identificar o personagem, lembra do Sinhozinho Malta em Roque Santeiro:

Outro ponto fundamental é lembrar sempre que o teatro é uma peça, e como tal precisa de todos os elos formadores para obter o sucesso tem que estar ligados. O seu texto deve se adaptar ao formato daquilo que você dispõe e que seja fácil de montar. Não crie um texto muito complexo, com muitos efeitos especiais, eles são difíceis de executar e muitas vezes ficam além da competência humana, e neste caso se der algo errado o ator e nem ninguém pode corrigir.

Um detalhe que deve ser sempre lembrado, é que o texto tem que ser simples, os diálogos claros, ou seja, use a linguagem correta quando o caso, mas sempre em forma de prosa, ou conversação. Exemplo:

- Ola querida cheguei, hoje tive um dia do cão no trabalho, estou arrebentado.

Ou

- Ola Querida estou adentrando em casa, hoje tive um dia exaustivo no trabalho, estou fisicamente fadigado.

Note-se que ambos os textos estão corretos, e ambos são entendíveis, no entanto, o primeiro soa melhor popularmente, quando lido em voz alta e mantém o ritmo. Na platéia sempre vai haver pessoas de todos os quadros sociais e formações intelectuais, então não exagere ao ponto de ser idiotamente correto, e nem diminua ao ponto de ser mediocremente incorreto.

“Então como primeiro passo, antes de escrever um roteiro, escolha um tema. Pense como você quer escrever e para quem você quer escrever. Decida a história e reação que ela deve ter, depois se for o caso pesquise tudo sobre o tema, para não cometer exageros, erros. Conheça o assunto, quando necessário procure conversar com quem já esteve numa situação parecida com a que irá para o palco, saiba o que esta pessoa sente, como ela se sentia, que reação ela tinha. Lembre-se antes de tudo, que muitas pessoas podem se identificar com sua estória, então sempre respeite as diferenças”.

Uma curiosidade do teatro: Sempre que uma peça esta prestes a entra no ar é comum ouvir nos bastidores os atores, produtores e diretores gritando “MERDA PARA VOCÊS.” Alguém sabe o porquê? Responda nos comentários que trago a historia no próximo artigo sobre roteiros.

Quem tiver dúvidas ou sugestões também pode deixar nos comentários.

“Dependendo do interesse estarei abrindo neste espaço uma espécie de aula sobre como criar um roteiro.”

Jonas Martins
Enviado por Jonas Martins em 12/04/2011
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