Uma amostra da "Ortografia Fonética"

Meus amigos,

todos vocês sabem que sou juntamente com Fernando Pessoa e outros mais, um defensor radical da orthographia etymológica.

A língua portuguesa encontra-se no carro desgovernado da prosódia desde 1911, em portugal, e desde a década de 1930 no Brasil. Tudo isso porque meia dúzia de sujeitos da Academia dos Esquecidos se fizeram proprietários da língua pátria. Seriam, no mínimo, achatados com vaias entre os germanos, gálicos e saxões. Aqui eles esculhambam e ainda posam de cavalheiros defensores das línguas, que segundo a lucidez de Renan "são irreformáveis".

Bom, entre vários os defensores com os quais me alinhou, deixo para vocês umas poucas palavras, no tom socrático da ironia, de Carlos de Laet, grande polemista, engenheiro, professor, jornalista o qual deixou uma vasta produção de páginas sobre arte, história, literatura, crítica de poesia e crítica de costumes.

Fálase muinto en ortografia fonetika; mas en ke se rezume ela? Na ekuasão du son i da grafia: ora, tal ekuasão não eziste, nunca ezistirá con un alfabetu ke, kual u ke erdamus dus latinus, é au mesmu tempu defisiente e superabundante (...) Con efeitu as letras vogais são en numeru inferior au das vozes, i já na mesma lista das vogais aparése a duplikata du i e du ipsilon, tão odiozu este ultimu aus fonetistas da Akademia. Deixu de falar nas ôtras duplikatas dos xis e du cê agá, du gê i du jota en tantas palavras, edsétera, edsétera. Logo, nunka será posivel fazer ortografia fonetika, antes ke Medeirus e seus adeptus corrijão u alfabetu, ô inventen ôtro melhor (...) não se póde fazer uma omelete sen kebrar os óvus, nem ortografia fonétika sen mandar au infernu a tradisão.

CARLOS DE LAET

Um abraço cordial a todos,

Euphrasio Jr.

Eufrásio Torquato Junior
Enviado por Rogério de Sousa em 19/07/2010
Reeditado em 07/01/2016
Código do texto: T2386915
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