A COMÉDIA
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Estudos Literários
O vocábulo comédia vem do Grego komodia, que derivou de kômos (= festim popular), ou de komas (= aldeia), pois, segundo Aristóteles em sua Arte Poética, os comediantes tiravam seu nome de "andarem os atores de aldeia em aldeia, por não serem prezados na cidade". No surgimento do teatro, na Grécia, a arte era representada, essencialmente, por duas máscaras: a máscara da tragédia e a máscara da comédia. Para diferenciar a comédia da tragédia, Aristóteles nos diz que, "enquanto esta última trata essencialmente de homens superiores (heróis), a comédia fala sobre os homens inferiores (pessoas comuns da sociedade, a pólis)". (Poética, Tr. de Eudoro de Souza, s.d., 1448 b.)¹.
Comédia é um tipo de gênero teatral que tem por objetivo criticar, satirizar a sociedade e o comportamento humano através do ridículo. A comédia visa provocar o riso, o prazer e a diversão.
Surgiu dos cantos feitos em homenagem a Dionísio ou Baco. "Ao final do inverno organizavam-se festins da Primavera em louvor de Baco, o deus do vinho, e da inspiração poética: em procissão conduzindo um enorme fálus [figura que representava a parte sexual de Baco, como símbolo de geração da natureza], em andor; o povo entoava cânticos gratulatórios, entremeados de dança e consumo de álcool. Com o tempo, supõe-se que os cantos adquiriram tonalidade cômica ou mesmo satírica e suscitassem movimentos cômicos, livres e desordenados. Por fim, algum poeta resolveu agrupar as manifestações orgiásticas numa peça única, que sofrendo sucessivos aprimoramentos, viria transformar-se na comédia, cuja aparição oficial se daria em 486 a. C."²
A evolução da comédia na Grécia se deu em três fases:
a) Comédia Antiga, em que se misturavam assuntos políticos e sociais. Era estruturada em quatro partes: Prólogo, Parodo (irrompimento festivo do coro, trajando máscaras e roupagens de vários tipos), episódios (cenas dialogadas entre dois atores, permeadas por intervenções do coro), êxodo (desenlace). Destaca-se, nesta fase, o dramaturgo Aristófanes.
b) Comédia Mediana, de assunto mitológico ou puramente literário, no início e, mais adiante, social. Caracteriza-se pela ausência de coro. Destacam-se como autores: Antífanes e Alex.
c) Comédia Nova, de assunto social, porém girando em torno das paixões, sobretudo o amor e dos costumes. Representam-na: Filemon, Apolodoro de Carystos e Menandro (o mais importante e um dos mestres da comédia que se desenvolveu em Roma após o declínio na Grécia).
Em Roma, apesar da comédia não ter alcançado os níveis atingidos na Grécia, distinguiram-se os seguintes tipos de comédia:
1. Atelanas (fabulae atellanae), representada por peças populares, burlescas (caricatas, zombeteiras) e demasiadamente grosseiras. Sobressaíram como autores Pompônio e Nóvio.
2. Paliata (palliata comoedia), assim chamada pela vestimenta usada pelos autores (pallium). Semelhante à dos gregos: seguia o modelo da comédia nova.
3. Togata (comoedia togata) caracterizada pelo uso da toga, uma vestimenta romana.
Durante a idade Média a comédia praticamente desapareceu para resurgir na Renascença com a mesma importância e beleza que havia logrado na Grécia. Inicialmente destacou-se Gil Vicente com o teatro popular. A seguir, floresce na Itália com a Comédia Dell'arte, Inglaterra (Shakespeare, e outros), França (Molière) e muitos outros que elevaram a comédia a um patamar pouca vezes igualado. ®Sérgio.
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¹ In MOISÉS, Masaud. A Criação Literária. São Paulo: Cultrix, p. 89, 1966.
² Idem, Ibidem, p. 89.
Para maiores informações a respeito do assunto ver: BERHOLD, Margot. História do Teatro. São Paulo: Perspectiva, 2000.
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