A FÁBULA
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Estudos Literários
A fábula [do latim: fabula = narração] não raro, é confundida com o apólogo e a parábola, em razão de encerar conteúdo moral (implícito ou explícito) e de sua estrutura dramática. A diferença entre os textos narrativos de distintos gêneros está na maneira como os elementos são trabalhados. Alguns estudiosos dizem que a distinção entre apólogo, fábula e parábola está na personagem: objetos inanimados para o apólogo, animais irracionais para a fábula e seres humanos para a parábola.
Na fábula a narrativa é curta, o espaço é sempre simplificado, não há variações de ambiente; as personagens são protagonizadas por animais irracionais, que pensam, agem e sentem como os seres humanos; o foco narrativo está posicionado na 3ª pessoa. O tempo é cronológico, e o enredo apresenta um único conflito. A linguagem pode ser formal ou informal.
A narrativa tem por objetivo transmitir uma lição de moral, geralmente satírica ou pedagógica, aos seres humanos. Foi escrita em versos até o século XVIII, quando, então, adotou-se a prosa como veículo de expressão.
A fábula é tão antiga quanto à origem da linguagem. Daí decorre, a dificuldade em sabermos quem a criou, pois através da oralidade eram transportadas a todos os lugares. Embora as fábulas já estivessem presentes em alguns dos mais antigos textos, ela somente passou a ser cultivada com superioridade literária na Antiguidade Clássica, por Esopo, escravo grego do século VI a.C., e por Fedro escritor latino do século I da era cristã.
A Fábula De Esopo - Como já dissemos, Esopo foi um fabulista grego que se acredita ter vivido no século VI a. C., mais ou menos de 620 a 560. Não há provas históricas de sua existência. Ignora-se o local de seu nascimento; mas acredita-se que tenha nascido em alguma cidade da Ásia Menor. Imagina-se que ele era corcunda, feio e gago. Também não existem documentos históricos que comprovem que Esopo tenha escrito suas histórias. O mais provável é que as contava para o povo, que se encarregou de repeti-las. No entanto, são atribuídas a ele mais de 300 fábulas, com características semelhantes, embora totalmente anônimas. Somente por volta de 325 a.C., é que as fábulas foram recolhidas e escritas, pela primeira vez por Demétrio de Falera: as chamadas Fábulas Esópicas. Do que não se tem dúvida nenhuma, é de que ele foi o maior contador de fábulas e o primeiro compilador dessas famosas histórias.
Em geral, a fábula Esópica começa pelo título; depois uma curta narrativa em versos – a partir do século XVIII, em prosa – finalizando-se com o que chamamos hoje de “a moral da história” (ou epimítio). Portanto, a fábula comporta duas partes: a narrativa e a moralidade. Os personagens são geralmente animais, que falam, cometem erros, são sábios ou tolos, maus ou bons, exatamente como os homens. A adaptação para o comportamento dos animais daquilo que se percebia nos humanos, simplifica o entendimento e facilita a aceitação, da verdade contida nos julgamentos morais, por parte das pessoas.
Esopo, segundo a lenda, foi condenado à morte, após uma falsa acusação de sacrilégio, ou seja, de consultar o oráculo de Delfos. Foi jogado do alto de um abismo. Em outra versão, o motivo de sua condenação foi o fato de Esopo, através de suas fábulas, julgar os habitantes da ilha de Delfos, a ponto deles o atirarem do alto de um rochedo. Mas as suas fábulas continuaram a ser contadas, escritas e reescritas por outros fabulistas.
Fedro foi o primeiro escritor latino a compor uma coletânea de fábulas, tendo sido imitado e refundido várias vezes. Modernamente, Jean de La Fontaine se destaca como o mais importante dos fabulistas. O escritor francês usava suas fábulas, escritas entre 1668 e 1694, para denunciar as misérias e as injustiças de sua época.
Nosso o grande fabulista foi Monteiro Lobato. Além de recontar as fábulas de Esopo e de La Fontaine, criou suas próprias com a turma do sítio. Outros autores também vêm se dedicando ao gênero, como Carlos Eduardo Novaes, Augusto Monterroso, Ulisses Tavares, Millôr Fernandes, para citar apenas esses nomes. ®Sérgio.
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Ajudou na elaboração deste glossário: Assis Brasil, Vocabulário Técnico de Literatura.
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