O ROMANCE DE CAVALARIA E AMADIS DE GAULA
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Estudos Literários
O romance (ou novela) de cavalaria surgiu por volta do século XV, oriundo dos antigos poemas de assuntos guerreiros chamados canções de gesta. Daí os romances de cavalaria narrarem as proezas praticadas pelos cavaleiros andantes medievais. Inicialmente eram escritos em versos, depois passaram a prosa.
O enredo clássico do romance de cavalaria, consiste na busca de fama e de justiça, empreendida por um cavaleiro solitário, sempre disposto a qualquer sacrifício para defender a honra cristã. O cavaleiro, personagem concebida segundo os padrões da Igreja Católica, revela castidade, fidelidade e dedicação; apresenta-se sempre valente, numa seqüência de perigos que ressaltam ainda mais sua coragem e destemor, sempre a serviço de belas damas. O romance destaca, ainda, o ideal de misericórdia ao oponente e a defesa dos fracos.
Esse perfil cavalheiresco vem a opor-se à do cavaleiro da corte, geralmente sedutor, galanteador, dividido entre os prazeres da luta e os prazeres da carne, freqüentemente envolvido em relacionamentos ilícitos.
Na epopéia, acontecimentos sobrenaturais eram causados pela vontade e ação dos deuses; o romance de cavalaria transfere o sobrenatural para este mundo e tira proveito do misterioso efeito da magia, feitiços e encantamentos.
Convencionou-se dividir os romances em ciclos, isto é, em conjuntos de romances que giram à volta do mesmo assunto. São os ciclos:
1. O Ciclo Clássico - Narrativas baseadas na história e lendas de clássicos antigos, incluindo as façanhas de Alexandre, o Grande e dos heróis da Guerra de Tróia.
2. Ciclo Carolíngio ou Francês - Romances que tem por herói Carlos Magno e seus cavaleiros.
3. O Ciclo Bretão ou Arturiano - assuntos de origem Celta, especialmente centrados na corte do Rei Arthur e de seus célebres cavaleiros da távola redonda. herói dessas novelas é o Rei Artur , sempre acompanhado redonda. tais como o Rei Horn e Guy de Warwick.
Os típicos romances de cavalaria pertencem ao ciclo Arturiano, como Amadis de Gaula (1508), na versão espanhola de Garcí Rodríguez de Montalbo; Palmerín de Oliva (1511) e Palmerín de Inglaterra (1547) de Francisco de Moraes. Os romances de cavalaria foram precursores do romance de aventuras do século XIX, entre os quais se destaca A ilha do Tesouro (Treasure Island, 1883), de Robert Louis Stevenson.
AMADIS DE GAULA: Uma História de Amor e Violência.
Amadis de Gaula se transformou num dos mais célebres romances de cavalaria em circulação na Europa Medieval. A autoria da obra é reclamada por portugueses, espanhóis e até mesmo, por franceses. Deixando de lado a polêmica, podemos dizer, com toda certeza, que Amadis é uma obra de raiz ibérica.
Na versão espanhola de Garcí Rodríguez de Montalbo, Amadis é fruto dos amores clandestinos de Elisena, filha de Garínter, rei da Pequena Bretanha e do rei D. Perion de Gaula, que o abandonam em uma pequena arca nas águas do mar. Salvo por uma família que não lhe sabe a origem, com apenas sete anos de idade é escolhido para pajem de Oriana filha do Rei D. Lisuarte da Grã-Bretanha. A rainha é quem o apresenta a Oriana, com estas palavras: “filha, este é o pajem que voz servirá”.Amadis guarda tais palavras no coração e enamora-se de Oriana e desde aí a sua vida desdobra-se num longo serviço inteiramente consagrado à amada. Amadis foi criado pelo cavaleiro Gandales que o leva a meter-se em fantásticas aventuras, sempre protegido pela feiticeira Urganda, e perseguido pelo mago Arcalaus, o encantador. Atravessa o arco encantado dos leais amadores no centro da Ilha Firme, luta contra o terrível monstro Endriago, matando-o. Passa por todo o tipo de perigosas aventuras, pelo amor da sua amada Oriana.
Durante muito tempo a timidez de Amadis, inibiu-o de se declarar, ninguém sabia que era por Oriana que se arriscava nestes combates. Em certa disaputa, quase deixou cair a espada das mãos ao ver, da arena de combate, a senhora na assistência.
A história acaba com o Rei Lisuarte, mal aconselhado por conselheiros invejosos, a afastar Amadis de sua amada e a tentar casar Oriana com um inimigo do herói. O Amadis resgata Oriana e leva-a para a Ilha Firme. Lisuarte, aliado a Galaor (ciumento de Amadis) e a Esplandian, declara guerra a Amadis. Através de várias batalhas, Amadis enfrenta Galaor, até que o mata. Lisuarte também é morto por Amadis em combate. Num terceiro, o herói enfrenta Esplandian, sendo que desta vez é Amadis que é morto. Oriana que, de uma janela, observa o combate, ao ver a morte de Amadis, atira-se dali para o solo e morre. ®Sérgio.
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Referência: BOURNEUF, Roland; OUELLET, Réal. O universo do Romance. Coimbra: Almedina,
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