Silêncio
Há um silêncio em tudo que declina,
Nos gestos que se perdem no vazio,
No olhar que, em saudade, se ilumina,
E no eco apagado de um estio.
É no silêncio que a alma se confessa,
Desnuda em seus segredos mais profundos,
E cada sombra antiga recomeça
A contar suas histórias, sem segundos.
O mundo se dissolve em tal instante,
Em que a quietude envolve a existência,
E o tempo se desfaz, breve e distante.
Há paz no sussurrar da consciência,
Que encontra no silêncio, vigilante,
A voz oculta de sua essência.