Manhã de inverno
Cigarra, canta no auge do verão,
Em festa constante, sem cessar,
Pois logo o tempo trará a mudança,
E o canto alegre se tornará pranto a ecoar.
Diante do inverno, surge o espanto,
Teu corpo, antes pleno, agora oco,
Um resquício do que um dia floresceu,
Mas o amanhã, hoje, é sem importância.
Pois o futuro, na ignorância, é alegre,
Diante da verdade a vida perde a cor,
Para os parvos, vida é esplendor.
Canta, cigarra, nas tardes de calor,
Onde outrora a vida brota e prospera,
No inverno, apenas ecoa o silêncio.