Duas

Eu trago na alma um reflorir de vinhas,

que morre e nasce, de esperanças cheio.

Trago no olhar as nostalgias minhas,

e o sangue ferve, em vaporoso anseio.

Sou água e fogo, destemor e freio,

sonhos e medos, espirais e linhas.

Se muitos risos, no prazer, granjeio,

são, as saudades, emoções vizinhas.

Nem tanto ao céu enderecei o intuito,

nem tanto à terra destinei o ensejo,

mas não cedi ao existir fortuito.

Há na matéria sequidão inglória,

mas na alma viça a intrepidez que almejo,

sou duas numa no final da história.

Geisa Alves
Enviado por Geisa Alves em 20/02/2024
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