O que a morte não pode tocar

Grato estou por ter amado o que a morte pode tocar!

Grato à Vida, grato ao tempo e ao Destino

por me ter posto ao lado gente que por amar

tornou mais belo, mais inteiro o meu caminho.

Amo os mortos e os mortos dos meus mortos ...

Para sempre! Guardo-os na memória! Estão em mim ...

Eles foram tanto! Não apenas corpos

agora abandonados subjugados a um fim.

Eu amo a vida que ainda habita os mortos

a que está além da forma incapaz de ver

que aqueles que eu amei habitam noutros Portos.

Navegam noutros barcos no cimo de outro mar ...

Todos estão em mim e na certeza de me saber

grato por sentir que isto a morte não pode tocar.