DESCAMINHO

Na medida que a serventia que ao próximo te destina

é prover a quem de ti se aproxima,

é de se perguntar: o que faz aqui,

que ao estrangeiro não se aventurou ainda?

Se apenas no cemitério tem hora com a paz,

e tudo o que por aqui faz é financiar

a quem das tuas moedas se apraz,

alguma lição da malandragem não aprendeu

Se apenas na madrugada sente a irmandade do silêncio,

esquecido de cumprir teu papel como é de praxe ao gênio

e ao criminoso foragido entregue à turbulência da lua

é hora de tirar da gaveta a pistola e entre a vela e o vinho

considerar por qual tropeço chegou ao descaminho

e agora resta a saída de deitar fora o passado antes que falência te destrua