Entre o dia e a noite

Entre o dia e a noite há um mistério

Que ninguém pode ver nem decifrar

O sol, que ilumina o hemisfério,

Se esconde atrás do mar, sem se apagar.

E surge a noite. O negro cemitério

Do dia é sempre o mesmo céu. Mas há

A noite, se não fora o dia inteiro,

Que vem e vai, e volta, e outra vez está.

Às estrelas que brilham nos caminhos

Sucedem nuvens. Sempre a noite tem

A claridade dos sonhos divinos.

Tudo vem, tudo vai, do mundo é a lei…

Só a luz, que se alterna, não se esvai.

Mas ai da luz, se não fora a treva que a segue!

*Dedico este soneto a Alphonsus de Guimaraens, um dos maiores poetas simbolistas brasileiros, que soube expressar com maestria a melancolia, a religiosidade e o amor em seus versos. Sua obra é uma fonte de inspiração e admiração para mim e para todos os que apreciam a beleza da poesia.

José Freire Pontes
Enviado por José Freire Pontes em 11/07/2023
Reeditado em 11/07/2023
Código do texto: T7834199
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