Entre o dia e a noite
Entre o dia e a noite há um mistério
Que ninguém pode ver nem decifrar
O sol, que ilumina o hemisfério,
Se esconde atrás do mar, sem se apagar.
E surge a noite. O negro cemitério
Do dia é sempre o mesmo céu. Mas há
A noite, se não fora o dia inteiro,
Que vem e vai, e volta, e outra vez está.
Às estrelas que brilham nos caminhos
Sucedem nuvens. Sempre a noite tem
A claridade dos sonhos divinos.
Tudo vem, tudo vai, do mundo é a lei…
Só a luz, que se alterna, não se esvai.
Mas ai da luz, se não fora a treva que a segue!
*Dedico este soneto a Alphonsus de Guimaraens, um dos maiores poetas simbolistas brasileiros, que soube expressar com maestria a melancolia, a religiosidade e o amor em seus versos. Sua obra é uma fonte de inspiração e admiração para mim e para todos os que apreciam a beleza da poesia.