SONETO ULTRAJANTE
Bastando agora o dia que se apanha
À míngua de virtude e o que a mantenha,
Que o mal que já se assanha por fim venha
Por vocação perversa, por barganha.
Que Fortuna a ninguém pareça estranha
Travestida no ultraje, a voz roufenha
Insinuando a desgraça que convenha
A multidão comprada com picanha.
Não mais que essa irrisão que já se aninha
Na alma confusa na manhã medonha
Absurda à grita sempre a mais mesquinha.
Que o sequestro já cala o que ainda sonha
Com Verdade e Razão -- vê! Coitadinha,
Justiça esconde a face por vergonha...
.