SONETO ULTRAJANTE

Bastando agora o dia que se apanha

À míngua de virtude e o que a mantenha,

Que o mal que já se assanha por fim venha

Por vocação perversa, por barganha.

Que Fortuna a ninguém pareça estranha

Travestida no ultraje, a voz roufenha

Insinuando a desgraça que convenha

A multidão comprada com picanha.

Não mais que essa irrisão que já se aninha

Na alma confusa na manhã medonha

Absurda à grita sempre a mais mesquinha.

Que o sequestro já cala o que ainda sonha

Com Verdade e Razão -- vê! Coitadinha,

Justiça esconde a face por vergonha...

.

Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 04/11/2022
Código do texto: T7642674
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.