O Cortejo

Tudo continua em frente, sou eu quem está parado

Nada sinto, só sinto tudo que é tua ausência

Ajoelhei-me à Santos e Deuses por clemência

Vi-me desnudo, disforme e desamparado

Olho o céu em vão, de cinza está saturado

Saturado estou de tanta angústia e dormência

Te vi aqui mas agora está na Transcendência

Tudo continua em frente, sou eu quem está parado

A esperança dá lugar aos berros furiosos

Memórias e aromas de café e pão de queijo

Também eles cedem aos prantos lamuriosos

Nem lembro-me quando foi teu último beijo

Teu corpo inerte marcha ante olhares curiosos

Minha alma sem vida acompanha o Cortejo