Cântico das Rosas
Longe de ti as rosas são tristonhas,
alvas ou rubras, quedam desmaiadas.
Esperam, solitárias, nas floradas,
até que teus olhares tu lhes ponhas.
Mas vais sozinho, ao longo das estradas
e com a flor em lágrimas nem sonhas.
Tuas carícias meigas, tão risonhas,
noutros vergéis repousam fascinadas.
Ressoa no jardim um canto triste,
a lamentar o instante que partiste,
um pranto que se espalha e a terra invade.
E todos cantam junto às lindas rosas
suas lembranças fundas, dolorosas
de amores hoje envoltos em saudade!
Belíssima interação do amigo Solano Brum:
ONTEM... HOJE
Lembro-me a ternura e o encanto
Que havia nas flores que trazias;
Nos perfumes, o frescor do campo;
Nas cores, segredos das fantasias!
Tinhas-me, no peito, em acalanto;
Recitavas, no meu ouvido, Poesias!
Nos olhos, as estrelas do encanto...
Na boca, os beijos das ambrosias!
Hoje, o céu se tolda em escuridão;
Pétalas, levadas pelas ventanias;
Os perfumes... Fluíram pelos ares!
Sou inquilino, da própria solidão!
Hoje, escuto apenas as gritarias
Cumulando meu peito de pesares!