A arvore - soneto

Estou assim completamente desnuda, vazia...

Desocupada, olhando as intempéries que me corroem.

Não tenho neste instante aquém maldizer ou roer

Desta desgovernada aflição pelo que vivo e estreito.

Apenas as belas lembranças fluem em regozijo

Do que já fui um dia, quando as minhas folhagens

Sorriam ao ver viajantes deitando a minha sombra

Fugindo do calor, do sol abrasador cáustico do verão.

Meus galhos ainda assim formam cenários geométricos.

Por suas vagas. O céu tem o amor natural ao beijar o solo.

São ainda motivos de olhos a indagarem, sobre minha nudez.

Continuo impávida ao tempo, aos raios e suas discrepâncias.

Sei que aos poucos as carcomeis acabarão de vez comigo.

Mas, não lastimo a sorte que terá o meu final. Tudo é assim!