O EGO DE UM POETA
O EGO DE UM POETA
Silva Filho
Vai o poeta no rastro do seu ego,
Falando coisas, não raro sem nexo,
Sem distinguir o côncavo do convexo,
Apenas tateando, como se fora cego.
Há devaneios que tornam complexo
Algum amor secreto, que não nego,
Mas nas entrelinhas escorrego,
E deixo sem controle algum reflexo.
Quem lê um verso, não lê coração!
Não há como exprimir uma paixão
Sem conseguir dar corpo ao afeto!
Mas o meu verso não quer ser perfeito,
Simplesmente quer morar num peito
Onde o discurso possa ser direto!