Post Mortem

Olhei-me, hoje, no espelho e nada vi

Senti o vazio como uma sala de espera

Ato contínuo perguntei-me se morri

Mas na verdade o espelho era a janela.

Em minha cidade todos sabem que parti

Foi aí que começou toda essa novela:

Quero estar vivo pra quem pensa que morri

Quero estar morto e não sentir saudades dela.

E como Quincas Berro d'água caminhei

Pela cidade escorado em meus amigos

Em meu velório fui tratado como rei

Como finado não somava inimigos

E na praça todos os débitos quitei.

Só que ninguém compreendia meus sorrisos.

15-10-2019

Gabriel Paixão
Enviado por Gabriel Paixão em 15/10/2019
Código do texto: T6769907
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