O FLERTE

A morte me encontrou e perguntou silente:

- Queres descer comigo ao meu portal fulgente?

Então lhe respondi, astuto igual meu Pai:

- Contigo, nada meu — nem meu cadáver — vai!

Ela, muito ofendida, olhou-me bruscamente,

Queria me engolir com seu olhar tremente,

Despiu-se e, toda nua, ofereceu-se a mim...

Virei, solenemente, e disse: - nem assim!

Envergonhadamente, a morte se vestiu

E no soprar do vento ela, por fim, partiu,

Levando a rejeição dum flerte que falhou.

Então, segui com a vida em seu devir motriz,

Portando o meu dever de me tornar feliz,

E nunca mais comigo a morte se encontrou!

Jackson Viana
Enviado por Jackson Viana em 09/10/2019
Código do texto: T6765061
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.