CURVA DA VIDA - 52 ANOS
CURVA DA VIDA - 52 ANOS
Cheguei ao ápice da curva da vida, Já cumpri com a metade ascendente,
Amei tudo o que valia, tive tudo o que pude e agora estou em transição,
Tentei tudo o que quis, ao futuro caberá a descendente,
Desta vida não espero mais nada, entrego-me a própria sorte... Estou na contramão.
É inevitável sempre voltar-me ao passado, avaliando minha eficiência,
Carrego as cicatrizes de amores perdidos,
Como ensinamentos de vida... Levo pela descendente a experiência,
Certamente não viverei amores fingidos.
Pois a vida é como uma curva sinuosa... Apreciamos cada pedacinho da vista por vez,
Vivemos em chamas de ansiedade pelo o amanhã,
O passado como uma espada de dois gumes, o erro pelo acerto, o acerto pelo talvez,
O pomar da sabedoria gera-nos sempre bons frutos, pela manhã.
Quando achei que impressionava, fui decepcionado,
Seduzido por olhares, jurei nunca mais deixar de amar,
Quando achei que realmente amava, fui desprezado,
Despedido na vida e no coração... Muito tenho a contar.
Como se tudo fosse eterno, trabalhei duro,
Amei como se fosse morrer na cruz,
Maltratei crianças que tinham medo de escuro,
E meu castigo foi saber que temia a luz.
Amei mulheres que não viram minhas virtudes,
Dormiram comigo e amaram outros corpos.
Amei mulheres que juravam-me amar em plenitude,
Acabei sozinho, entoado em névoas (charutos), afogando-me em copos.
Adécio de Sousa 26/12/2018