Cenas de novela
 
Nas manhãs, eu crescia dentro dela
Em abrasadas cenas de novela.
Nossos braços cediam aos apelos,
E a volúpia enroscava nossos pelos.
 
Hoje, nas minhas noites tão vazias,
Eu a busco no rosto das vadias.
Percebo ser inútil tal conduta
Pois na cama nenhuma foi mais puta.
 
Na ilha da ilusão, cumpro o meu degredo.
Sobrevivente náufrago do amor,
Entrego ao mar recônditos segredos.
 
Se ao sol vejo uma face que me encanta,
Um semblante sereno ou uma flor,
Recordo que nenhuma foi mais santa.


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N. do A. – Na ilustração, Amantes de Egon Schiele (Áustria, 1890-1918).
João Carlos Hey
Enviado por João Carlos Hey em 24/08/2018
Reeditado em 22/07/2021
Código do texto: T6429018
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