SONETO DE PERDÃO

Pedi perdão pois alma se perdoa,

Foi do costume amar ser do pecado,

E mesmo estando livre-perdoado

Não sei se evito que a dor me doa.

O vão silêncio que o perdão ecoa,

Não é do Salvador Crucificado;

É o perdão que morre de calado

E o barulho dele me atordoa.

Triste das costas que dói o pesar

E descompassa a bomba arritmia

Que não se avexa a hora de parar.

Lateja o peito, que é de latejar

E se perdoa o erro, minha infâmia

Pois é da alma, assim, se perdoar.