Cada amor saiba de Si

Mãos entre mãos que não se atritam,

Ou beijos já emudecidos;

Olhos por que outros nem se agitam?

Eis que um d'outro restam sabido.

Pois é mister saber de si, e fim.

A tal que é defeso, de fato,

Perquirir-se - salvo por ato:

“Quanto de mim é ela afim?”

Assim, para a catarse o medo,

Ao impostor tola moral,

Ao desvelar algum segredo.

Daí, pois, que se há de ter receio

De que, ao assomar nova esquina,

Tome-lhe o amor o cão alheio.

O Zé Luquinha
Enviado por O Zé Luquinha em 11/03/2018
Reeditado em 14/08/2018
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