Soneto da Pedra Amada

Tua imagem tem um brio perene.

Encubro meus olhos; prisioneiros.

Por uma vontade cruel, digo loucos.

Eu, tão sã, por ti julgo-me doente.

Em cacos tentas esmiuçar-me

com força e vigor. Tu que és pedra,

nem para o meu tropeço se presta.

Meu âmago, então a ti amarra-me...

Já disse amar-te hoje, oh bendita?

Nem alma vivente tu és! Enfadas

meus dias tua inútil serventia.

Para lançar-te, minha mão hesita.

Preferem teu peso, tão doloridas,

animam-se a viver na tua morta vida.

Jack Sousa

Pela fresta
Enviado por Pela fresta em 31/10/2017
Reeditado em 01/11/2017
Código do texto: T6158159
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