CÁRCERE PÓS-MODERNO
I
Jogaram os cardápios na latrina,
Fuga da realidade sem demora;
Trazem desgosto e farsa a toda hora
Cada sensação iníqua em mim germina!
É tanta subversão que contamina,
Quem me dera fazer uma canção agora
Lidando com a crítica sonora,
Vivendo de trocados pela esquina.
Já desabilitaram minha fé,
Fui acusado do mais hediondo crime
Questionando quem é homem ou mulher.
Assim decai o vilão para o regime:
Gênero em todo tipo de café,
E um tratado sadista a quem oprime!
II
O que são as garatujas no mural?
Parecem outras formas de estandarte,
Se já não entendo mais a nova arte,
O que fizeram com a antiga moral?
Na tevê a vida passa num canal,
Quem me dera usar terno como encarte,
Dizer que está normal da minha parte,
E ver "fobia" em qualquer lesão carnal.
Nesse caminho de viés reacionário,
Todo palavrão tem que ser polido
Para construir a ideia no imaginário:
"Contestar é pior do que ser bandido!"
Ninguém pode pensar, caso contrário,
Irão estourar a bolha do sentido!