CÁRCERE PÓS-MODERNO

I

Jogaram os cardápios na latrina,

Fuga da realidade sem demora;

Trazem desgosto e farsa a toda hora

Cada sensação iníqua em mim germina!

É tanta subversão que contamina,

Quem me dera fazer uma canção agora

Lidando com a crítica sonora,

Vivendo de trocados pela esquina.

Já desabilitaram minha fé,

Fui acusado do mais hediondo crime

Questionando quem é homem ou mulher.

Assim decai o vilão para o regime:

Gênero em todo tipo de café,

E um tratado sadista a quem oprime!

II

O que são as garatujas no mural?

Parecem outras formas de estandarte,

Se já não entendo mais a nova arte,

O que fizeram com a antiga moral?

Na tevê a vida passa num canal,

Quem me dera usar terno como encarte,

Dizer que está normal da minha parte,

E ver "fobia" em qualquer lesão carnal.

Nesse caminho de viés reacionário,

Todo palavrão tem que ser polido

Para construir a ideia no imaginário:

"Contestar é pior do que ser bandido!"

Ninguém pode pensar, caso contrário,

Irão estourar a bolha do sentido!

Thiago L Gomes
Enviado por Thiago L Gomes em 25/08/2017
Reeditado em 29/08/2017
Código do texto: T6094929
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