Só Desejos
Serviu-me por um tempo a culpa,
Agora já não mais me abraça.
Nua, ainda faminta, mas sem desespero,
Pouco reajo às intempéries, estou na graça.
Do tempo e do espaço, me fiz ninfa,
Salto sobre os véus que antes embaçavam-me a visão.
Ora dançando, ora pairando, como queira...
Sou bailarina etérea ou nuvem pesada que desaba.
Beijarei teu corpo suave e lentamente.
Agora, todo corpo parece-me quente, escaldante,
Transbordo de desejo numa fúria sufocante.
Depois, é chegada a calmaria alucinante,
Já não há mais beijos, só teus silêncios incontáveis
Seremos o oásis, o deserto, ou simplesmente uma miragem?
Renata Vasconcelos