A TARDE CAI (soneto)

A tarde fria, ressequida, no cerrado poente

Escorrega no horizonte escarlate de junho

Em brumas desmaiadas e tão lentamente

Deixando os suspiros como testemunho

Manso, e de uma realidade inteiramente

O entardecer tão árido e sem rascunho

Vai descendo pela noite tão impaciente

Silenciosamente na escureza antrelunho

E a tarde vai caindo, pelo céu vai fugindo

Presa na imensidão do anoitecer infindo

Esvaindo o sertão indolente e acetinado

Nesta tarde fugidia, as estrelas já luzindo

Cobrindo de melancolia, o sossego vindo

É a tarde que cai, lânguida, pelo cerrado...

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado

2017, junho - Cerrado goiano

Luciano Spagnol poeta do cerrado
Enviado por Luciano Spagnol poeta do cerrado em 30/06/2017
Reeditado em 30/10/2019
Código do texto: T6042137
Classificação de conteúdo: seguro