O velho Poeta

Depois que me deste o entendimento, mudo,

Sem se quer mover a tua boca

P’ra escrever o febril poema, da musa-louca,

Oh, Poeta, tanto me fez sonhar de tudo!

Ansiedade absoluta! De sol e de luar, contudo,

Estranha no meu peito, essa voz rouca

Que gritas ao mundo: rosa-viva, alma-mouca;

Ruiu ao nada, — amor sem conteúdo!

E cantas, o desejo da paixão tristonha

Aos meus ouvidos, sem quer um carinho solto

De fragrância, me deixando a ermo...

E no silencioso mito que por vozes sonha

Vagueando à noite, reprimido e morto;

À poesia, já rústicas as velhas mãos eu tremo.

Dolandmay Walter

Dolandmay Walter
Enviado por Dolandmay Walter em 04/06/2017
Código do texto: T6018117
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