APÓLOGO DE ALÍCIA
Mesmo num hospício não se acha loucura
Maior do que aquela dos aloprados.
Homens, mulheres, todos celerados,
São os algozes da cruel desventura.
Enquanto isso, pobres desenganados,
Sofrem na carne tamanha amargura;
No rosto a alegria já se desfigura
E os corações batem descompassados.
Hora terrível, verdade tão dura,
Jornada espinhosa, grande suplício.
Falta verdade, decência, lisura...
Nessa podridão, baixo meretrício,
Reino de desgraça e trama obscura,
Alícia governa o jaez do hospício.
(EDUARDO MARQUES 23/05/17)