MADRUGADA

Na tristeza desta fria madrugada,

Imbuído na mais profunda solidão,

A imensurável dor, desenfreada,

Segue a deturpar meu coração.

E sinto essa tal dor degenerando

Também meu corpo tão cansado

Que já vem há tanto suportando

Noites e mais noites acordado.

E a vida foge pela réstia do luar!

Mas, quem em sã consciência há de afagar

A gélida fronte deste sofredor...?

Nada neste mundo me alenta...!

À nascente vejo nuvens de tormenta

Que ocultarão d’outra manhã o esplendor.