O sonho nos Campos Elísios. Campos Elísios - Terra, Água, Ar e Fogo. (sonetos X, XI, XII e XIII)

I

Acordei! Um som muito além do Empíreo

dedilhava no âmago das harpas,

mas minha visão rendeu-se ao colírio

da serena feição de vestes sacras!

Que exalava dos cânticos um Írio

como a pureza do brilho das carpas;

no véu negro dos cabelos, um Lírio

cintilava profuso nas amarras!

Seus pés descalços, plácidos caminhos

abriam, levando para longe as flores,

deixando-me inebriado em torvelinhos!

Segui-a tocando a flauta dos amores,

e uma voz disse: “Vocês não estão sozinhos!”

O enigma me deixou absorto em valores!

II

Eu evocava o passado d'um inverno

quando volvi a tentar, queria encantá-la

com a melodia do prazer eterno,

mas a minha donzela ao longe estava

saltando com a leve aura do Cervo;

próximo do jardim que contrastava

o olhar que me tornava subalterno,

junto ao desejo de poder beijá-la!

Estava caminhando sobre as flores

vendo a imagem do célebre pincel

mostrar a força harmônica das cores

que refletia no globo azul do céu,

como uma atmosfera de elos redentores

fazendo da arte cósmica um laurel!

III

Não distinguia mais sonho ou realidade,

eu seguia além: A estrela ornamentada

pelas constelações da ubiquidade!

Na ventania voraz e impulsionada,

minha Ninfa pra Éolo dava o alarde,

assim tive o que tanto relembrava:

Sentir o aroma dela que, já tarde,

meu êxtase de segui-la amplificava!

Pétalas de Jasmim aos rodopios

eram reféns dos sopros invisíveis;

e tornavam-se laços arredios

cintilando nas marcas vãs e incríveis

de pés fincados em tersos plantios,

que pertenciam à Musa dos intangíveis!

IV

Uma voz disse: “Use as asas centelhares,

alcance a deusa e livre-a do destino,

pois ele é falso e pérfido aos milhares!

Voe! Ignore qualquer vento interino;

seja mais um herói que ergue os pilares!

Mostre à deusa o caminho até o divino;

você estará nos ventos seculares

e também nas canções de Paladino!”

Adejei guiado por linhas relvares

dispersas, mas não tive sacrifícios;

vi algo brilhando como os raios solares

na porta que varria como os Alísios,

onde segurei a mão fria dos altares

salvando a Ninfa nos Campos Elísios!

Thiago L Gomes
Enviado por Thiago L Gomes em 10/04/2017
Código do texto: T5967162
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