TRISTE ENTARDECER
Com pesar lembro as coisas que quis.
O destino, sempre caprichoso, substitui.
Saudades do que poderia ser e não fui,
Do que me permitiria fazer e não fiz.
Verdade que tenho tudo, muy feliz...
Mas esse sentimento poder não flui.
Imóvel a ver uma autoestima que rui,
Sigo, arrastando pés, com ares servis.
Lambendo a cicatriz, busco esquecer:
Quem teria de escutar, sequer ouve;
O que havia, na verdade, nunca houve.
Assisto à triste peça dum entardecer.
Dia após dia, desejo o rápido morrer.
Enfim, não mereço quem me louve...