Sonetto IV: Divina Pietà
Sempre que assisto ao pobre pecador,
Arrependido, confessar-me um crime,
Sinto um prazer, uma paixão sublime
Pela misericórdia do Senhor.
Ora, é mister que o pecador se lime
Na angústia, e sangre se preciso for,
Pois que a dor que causara é a própria dor
Que o pensamento e o espírito lhe oprime.
No entanto, bem maior é a piedade
Que vem dos céus qual chuva redentora,
Qual lágrimas de etérea santidade:
Sem derramar-lhe o sangue, Deus lhe oferta
Perdão -- remindo o que manchado fora;
Água -- suprindo a vida que é deserta.
Pe. Homero Madoll
Pároco da Igreja de Nª Sra. do Desassossego