Sonetto IV: Divina Pietà

Sempre que assisto ao pobre pecador,

Arrependido, confessar-me um crime,

Sinto um prazer, uma paixão sublime

Pela misericórdia do Senhor.

Ora, é mister que o pecador se lime

Na angústia, e sangre se preciso for,

Pois que a dor que causara é a própria dor

Que o pensamento e o espírito lhe oprime.

No entanto, bem maior é a piedade

Que vem dos céus qual chuva redentora,

Qual lágrimas de etérea santidade:

Sem derramar-lhe o sangue, Deus lhe oferta

Perdão -- remindo o que manchado fora;

Água -- suprindo a vida que é deserta.

Pe. Homero Madoll

Pároco da Igreja de Nª Sra. do Desassossego

Homero Madoll
Enviado por Homero Madoll em 23/02/2017
Reeditado em 25/02/2017
Código do texto: T5922161
Classificação de conteúdo: seguro