O sonho nos Campos Elísios. Um delírio de lembrança – Oréades (sonetos V e VI)
I
Uma névoa sobre as lívidas montanhas
dava óbice à paisagem! E as flores
tinham as várias pétalas, frescores,
levadas pelas brisas vis e estranhas;
as Mariposas voavam sob clangores!
Ficar lúcido! Maior dentre as façanhas!
Até pra quem não tinha suas entranhas
ou àqueles insensíveis aos clamores!
No devaneio, ouvi um ruído sem martírio,
Surgira ornamentada em cor azúlea:
Uma Sílfide trazia nas mãos um Lírio!
Seu olhar brilhava como o sol em fúria,
mas senti-me exilado num delírio
quando o inefável ser sumiu em melúria!
II
Continuando a jornada pelas trilhas;
d'uma íngreme montanha cheguei ao cimo.
A visão, um panorama verde Limo,
era como as lembranças e maravilhas
dos ventos plácidos vindos do Limbo!
Entre as divagações, virava uma ilha
a minha mente, que na amnésia brilha
assim como os sinais feitos no nimbo!
Na relva, havia as alvas e ovaladas
pedras! E os Carvalhos, já colossais,
agitavam-se nas mentes levadas
por Zéfiros e forças abissais!
A correnteza das águas sagradas
recordava-me o rio dos ancestrais!