Soneto do amor amigo.

Hoje descobri que nunca foi alma,

Por mais, era olho, corpo, intensidade,

Não que fosse feio, nem é; na verdade

Sempre foi fogo, e hoje me dá calma

Nosso amor não é um nome que chama,

Nem uma palavra que o poeta exclama,

Pois se de ódio quiserem chamar,

Ainda assim será belo te amar,

Não importa se não será infinito,

Mas que seja intenso, irresponsável,

E não existe pecado ou delito,

Que faça ser tão abominável

Tal amor, pois ele me tira o grito

Da dor, e torna belo o deplorável.