SOneto II

Sumiu a criança que se sentava ali,

com seu gato pardo e seu olhar sem fim.

Não sobrou nem o cheiro do jasmim,

São cadáveres daqui, não mais dali.

Cesse aquele movimento de gente,

Cesse a ressonância de tantas vozes,

Sei que ao ver ruínas do belo, sofres,

De um prédio belo tornado indigente.

A modernidade em sua ditadura

Destrói nosso belo e picha o horizonte:

triste do olhar que não enxerga cultura.

A cidade que a do passado ponte

Aniquila e prevalece a ruptura,

A cidade se erige em seu desmonte.

( Ricardo Gomes Pereira)

Gomes Ricardo
Enviado por Gomes Ricardo em 22/01/2017
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