O grito do silêncio

(segundo a Ísis, este é um poema que,

de tão rebuscado, dificilmente será

compreendido pela maioria das pessoas.

Se for assim, espero que ninguém tente

entendê-lo; apenas senti-lo)

Não consigo escrever – preciso tanto.

Onde anda o meu verbo? Sem palavra

O silêncio destrói a minha lavra.

Tudo agora é deserto, em todo canto.

Não consigo escrever. Na folha em branco

Um vulcão de agonia cospe a lava:

Agonia! Agonia! – O que restava

Vai vazando de mim e não estanco.

Eu preciso conter. Não me alivio...

O que esvai só me deixa mais aflito,

Derretendo o que ainda não foi dito.

Sem palavras me inundo do vazio.

Meu silêncio é também meu desafio:

Estou surdo de tanto ouvir seu grito!

Granja Viana/Cotia, 05 de novembro de 2016 – 11h02