Ilusões

Quis rever em memória o santo abrigo

Onde deixei as ilusões dormindo.

"Vou despertá-las", murmurei, partindo,

"E hei de trazê-las outra vez comigo".

Nova e última ilusão. No sítio antigo,

Jardim outrora florescente e lindo,

Já ninguém dorme. Tudo é morto e findo.

Só de cada ilusão resta um jazigo:

Campas sem epitáfio... Agora é tudo

Um cemitério pavoroso e mudo,

Bem que inda de flores se alcatife.

E dos ciprestes na última avenida,

Vejo a última ilusão que me convida,

Martelando nas tábuas de um esquife!

Iacoe Michaela
Enviado por Iacoe Michaela em 24/11/2016
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