CORNUCÓPIA - Soneto Decassílabo Dissimulado

Beijar-te o lábio róseo, ardente, anseio,

Onde o lascivo néctar corre e estanca

Como se fosse o mel da moça-branca,

E em dúlcido caudal germina enleio.

Teu nome é Tentação, e enquanto ceio,

Ostra interdita, a concha em sonho franca,

Namoro a lividez marmórea da anca,

As perlas esmaltadas no teu seio.

Prostra-se enfim, sobre o vergel, Demetra

E estende o úmido orvalho à terra inteira,

Lavando alma e natura; e então convida

Uma inflamada fênix, que penetra

Da virgem mata a senda a vez primeira

Atrás da ambrósia olímpica, da vida!