Desejo de Poeta

Acho que vivemos um passageiro sonho

Que, por natureza, é decerto imperfeito;

Quanto mais o penso e, por vezes, o disponho,

Mais confuso e incerto reconstruo o seu roteiro

Mas, mesmo que diga-me o meu singelo instinto

Que seja muito melhor nem sequer vivê-lo,

Acredito, inda, que ele seja mais bonito

Que a infinitude irreal, vulgo pesadelo

E se é a brevidade o que apenas nos resta,

Quero desejar a nós um pouco de sorte

Para que possamos vivê-la agora em terra

E se houver em qualquer lugar, algum profeta

Peço que, por favor, não me retire a morte

Pois prefiro a brevidade a vida incompleta.