SONETO ASSOMBRADO

Involuntário é o esgar desdenhoso

que num repente me enrijece a feição,

se o inconsciente mergulha teimoso,

e me arremessa ao teu encontro no chão.

Bélicas mãos no cerne da lembrança,

apertam até que a mortal palidez,

devolva aos sete palmos sem fiança,

todo o peso do passado de uma vez!

Remissão para esse infame desejo,

que se alimenta de um insano luto,

qual abutre farejando um cortejo,

é mantra acrisolado quando o vejo,

peso igual a mostrar salvo-conduto,

credo em cruz entoado num rastejo.